João Scortecci: editor, livreiro, gráfico, escritor, mas sobretudo um conciliador

Publishnews - Leonardo Nero e Talita Facchini  - 20/02/2020 |

Atuando em diversos dos elos da cadeia do livro, entrevistado da PublishNewsTV dessa semana fala da sua trajetória e de como tenta ponderar os interesses dos diversos elos da cadeia do livro

João Scortecci é um homem de muitos chapéus. Ele pode usar o de escritor (acaba de lançar Dos cheiros de tudo – memórias do olfato), o de editor, de gráfico ou de livreiro. Mais do que atuar nos diversos elos da cadeia do livro, ele briga pelos interesses de cada um deles, mesmo quando a briga é antagônica. Nesses momentos, entra a figura do conciliador, uma das marcas do profissional. Scortecci, prestes a comemorar 50 anos de história no livro, está no sofá do PublishNews Entrevista, programa da PublishNewsTV que quer formar um arquivo da memória do mercado editorial brasileiro.

Seu primeiro envolvimento com o mundo das letras se deu em 1973, na revista Poetação, editada pelo então estudante de arquitetura Milton Hatoum. Mas, foi no ano de 1978 que ele reconhece como um marco na sua carreira como editor. Foi nesse ano que se juntou com amigos que conheceu na universidade e fundou a primeira editora. “Meus amigos se separaram, cada um seguiu sua profissão, e eu continuei. Essa brincadeira tem 37 anos, com 10 mil títulos em primeira edição”, disse no papo que teve com Argolo.

Percebeu desde cedo que havia uma demanda a ser suprida no mercado: as baixas tiragens, ideia contrária ao modelo de offset, mais econômico na lógica de imprimir grandes quantidades de livros. Funda aí o braço gráfico da sua empresa. “Criamos uma fórmula que é o grande segredo da Scortecci: fazer apenas o necessário”, comenta. Ele defende que o custo um pouco mais elevado do modelo é compensado com as economias em estocagens e a compra adiantada de grandes quantidades de papel.

Sobre o seu perfil conciliador, Scortecci brinca: “não que eu não deixe de brigar, mas eu sou da paz”. E deixa claro que estudar e entender todos os lados da cadeia do livro é essencial. “Eu fico sempre tentando entender essa régua, que primeiro pela formação de leitores, que passa por encontrar novamente o preço justo de capa da obra, pelo entendimento do editor e gráficos e que passa por uma política de repensar a condição do leitor”, explica.

Na conversa que teve com André Argolo, o editor-livreiro-gráfico-autor falou ainda da sua atuação em entidades que representam cada um desses elos: está na União Brasileira de Escritores (UBE), na Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) e na Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG).

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