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CLARICE LISPECTOR, REVISTA PAN E A MARCA AMIGOS DO LIVRO
Conheci a obra de Clarice Lispector no início dos anos 1980. Época em que também decidi tornar-me editor de livros. Num papo de almoço de família, minha mãe Nilce Scortecci contou-nos, com brevidade, dos muitos negócios que seu pai José Scortecci, filho de italianos, da comuna de Arezzo, na Toscana, havia celebrado ao longo de sua vida: editor, gráfico, proprietário de casa lotérica, comércio de secos e molhados e, por fim, fazendeiro em Dois Córregos, interior de São Paulo.
Até então meu avô era apenas o “Seu Nem” que faleceu em 1988, aos 85 anos de idade, que nos anos 1970 vendeu suas terras e foi morar na cidade de São Carlos, interior de São Paulo.
Foi surpresa saber que o “Seu Nem” havia sido editor e gráfico de um importante semanário brasileiro, na década de 1930.
Alguém da família Scortecci - não lembro quem, perdão - presenteou-me com um exemplar da Revista PAN. Isso no início dos anos 80.
O assunto ficou sério quando nos anos 90 solicitei o registro da marca “Amigos do livro” e descobri que nos anos 30 ela havia pertencido ao meu avô. Coincidências não existem! Nos registros - histórico da marca - descobri também que depois do meu avô a marca havia pertencido comercialmente à editora Record. Em 2008, no Rio de Janeiro, numa reunião comemorativa pelos 200 anos da indústria gráfica, o portal de PAN se abriu e Clarice Lispector ocupou-se de mim.
“O que você é do José Scortecci, editor de PAN?” Neto, respondi.
De volta a São Paulo localizei na cidade de Sorocaba, interior paulista, um colecionador de PAN, que, a peso de ouro, vendeu-me toda a coleção. PAN circulou de 1935 a 1945 e teve 241 edições. Nela presença de Menotti Del Picchia, Silveira Bueno, Monteiro Lobato, Pafúncio, Benjamin Costallat e uma gama de intelectuais, todos assíduos colaboradores de PAN.
PAN foi espaço e oportunidade para novos escritores.
Por fim, foi o Jornalista Alberto Dines - num outro encontro no Rio de Janeiro - que me contou sobre Clarice Lispector e a Revista PAN, número 227, que, em 25 de maio de 1940, publicou “Triunfo”, seu texto de estreia na literatura brasileira.
João Scortecci