Revista Abigraf - Tânia Galluzzi - 20/02/2020 |
“A cultura está fragilizada, sofrendo muito nas mãos do atual governo. Precisamos nos unir.” Independente das questões intrínsecas ao mercado editorial, a necessidade de lutar contra o desmonte da cultura no Brasil é uma das principais alavancas para a aproximação da Abigraf com a União Brasileira dos Escritores, UBE, segundo João Scortecci, vice-presidente da Abigraf-SP.
Fundada em 1958, a UBE defende a liberdade de expressão, os direitos do autor, a cadeia produtiva do livro e a democratização do acesso à informação. Esvaziada e enfraquecida nos últimos anos, a entidade ganhou novo fôlego em outubro de 2019, quando o escritor Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano Ramos, assumiu a presidência da organização buscando um novo relacionamento com o mundo dos livros, seus sócios e colaboradores. Nesse movimento, Ricardo procurou a Abigraf, que vem auxiliando a organização a recuperar seu papel.
De acordo com Scortecci, que também ocupa a vice-presidência da UBE, as entidades trabalharão, num primeiro momento, em duas frentes: reposicionar a UBE junto aos escritores no sentido de fortalecê-los, e perante os editores. “Queremos incentivar os escritores a se reconectarem com os leitores por meio de ações como a presença deles nas livrarias, como acontecia no passado, sobretudo com a volta das livrarias independentes. O mesmo tem de acontecer em relação aos editores. Precisamos fazer com que as partes conversem, sem radicalismos”, afirma Scortecci. Frente importante é o acompanhamento da reforma da Lei de Direitos Autorais, que pretende flexibilizar a Lei 9.610, de 1998.
As entidades estão discutindo a ida da UBE para o prédio-sede da Abigraf. Já foi negociado junto à Câmara Brasileira do Livro, CBL, um estande da UBE na Bienal do Livro de São Paulo, que acontecerá entre 30 de outubro e 8 de novembro. A Abigraf também está articulando uma parceria com a Associação Brasileira para Proteção dos Direitos Editoriais, ABDR, no sentido de auxiliar os escritores associados a UBE.
Em entrevista ao jornal O Escritor, da própria UBE, Ricardo Ramos Filho afirmou que o maior desafio para sua gestão é viver no Brasil de hoje, “dirigir uma entidade voltada para os escritores e os livros, quando o status quo faz de tudo para acabar com o pensamento livre”. “A nova gestão precisará fazê-la crescer, ampliar o número de sócios, até porque quando mais vozes falam, o discurso é mais ouvido.”