ABIGRAF CRIA GRUPO DE TRABALHO PARA AJUDAR A REORGANIZAR A CADEIA PRODUTIVA DO LIVRO NO BRASIL

04/12/2018 |


Crise das livrarias Cultura e Saraiva vira bola de neve e agrava ainda mais a situação das gráficas do setor editorial, em crise desde 2014

O Grupo Editorial da Associação Brasileira da Indústria Gráfica – ABIGRAF, criou nesta sexta-feira (30.12) um grupo de trabalho para ajudar a reorganizar a cadeia produtiva do livro. Capitaneado por João Scortecci, diretor do segmento editorial, o grupo tem como objetivo minimizar os efeitos da crise das grandes livrarias para o setor gráfico. “As livrarias em recuperação judicial não pagam as editoras, que não pagam as gráficas, que por sua vez não conseguem reajustar os preços desde 2014 e agora sofrem com a inadimplência”.

O empresário afirma que o volume de livros impressos no Brasil se mantém na casa dos 350 milhões por ano, porém a margem de lucro das gráficas caiu drasticamente, pois os empresários não conseguem reajustar os preços. “O livro no Brasil está muito barato. Em média, metade do que custa na Europa e Estados Unidos, sem falar na carga tributária elevada e do custo Brasil”. Como exemplo, ele cita o fato de que uma bíblia importada da China chega a ser 30% mais barata do que uma impressa no Brasil, pois livros importados não pagam PIS e Cofins. No Brasil todos os livros (didáticos, religiosos, romances etc) têm a mesma classificação fiscal. “Há gráficas que demitiram até 60% dos funcionários e venderam metade de seus equipamentos como única maneira de sobreviver”.
Scortecci lembra que a venda de livros no Brasil tem aumentado de maneira tímida e que o problema está no modelo de negócio. “Os custos para manter mega lojas são muito altos. Repensar esse modelo é tarefa urgente. Nos últimos anos, enquanto os gráficos se desdobravam para sobreviver, grandes editoras e redes varejistas não fizeram a lição de casa e o resultado é esse: a crise das livrarias afeta toda a cadeia produtiva do livro”.

Com a criação do grupo de trabalho, a ABIGRAF sinaliza ao mercado a disposição dos empresários em colaborar, porém, medidas que vão do reajuste de preços até a exigência de que as editoras ofereçam garantias de pagamento para novas impressões devem ser tomadas. “O livro não está em crise, as livrarias é que estão. Acreditamos que passou da hora de autores, editoras, gráficas, distribuidoras e livrarias se unirem para buscar soluções equilibradas e que beneficiem toda a cadeia. Estamos otimistas e acreditamos que essa crise é a oportunidade para redesenharmos o negócio do livro no Brasil. Há espaço para que todos cresçam, mas temos que tomar medidas conjuntas, práticas e efetivas. A hora é essa”, finaliza Scortecci.

Informações à Imprensa: Fábio Behrend (11) 97438-8182