Época Negócios - 13/02/2017
Quanto você, de fato, lê? Você aproveita o tempo que tem? Faz da leitura uma prioridade? Em artigo publicado na Harvard Business Review (HBR), Neil Pasricha, autor do best-seller The Happiness Equation e diretor do The Institute for Global Happiness, conta que durante toda sua vida adulta leu em média cinco livros ao ano. Isso se tivesse sorte ou férias.
No ano passado, no entanto, Neil mudou diversos de seus hábitos de leitura. O resultado? 50 livros lidos. Em 2017, ele resolveu dobrar sua meta: quer chegar à marca dos 100. Ler mais, defende, permitiu a ele ser mais criativo em todas as áreas de sua vida. Hoje, garante, arrepende-se de não ter estabelecido metas mais ambiciosas para suas leituras nos anos anteriores.
Neil não aumentou seu ritmo de leitura se tornando mais rápido, até porque ele diz ser lento na tarefa, mas sim mudando comportamentos, de modo que a leitura ganhasse mais espaço em seu dia a dia.
Ele, por exemplo, começou a centralizar sua leitura dentro de casa. Que tal gastar menos tempo vendo televisão? Um modo que ele e sua esposa encontraram de fazer isso foi mover a televisão de lugar. Eles a levaram para o porão da casa e instalaram uma estante de livros na parede que, outrora, era ocupada pelo equipamento. Ver TV tornou-se um "programa", quando eles assistem a série especiais ou a importantes jogos de futebol. No dia a dia, ela não está mais ali no caminho para ser ligada a qualquer hora e por qualquer motivo.
Além disto, Neil tomou outras atitudes para manter sua meta de leitura e se manter estimulado a alcançá-la, dando um passo de cada vez. Ou melhor: de leitura em leitura. Confira abaixo:
Faça um compromisso público: no livro As Armas da Persuasão (Influence: The Psychology of Persuasion), Robert Cialdini compartilha um estudo da área de psicologia que mostra que, uma vez que as pessoas tornam suas apostas públicas no jockey, elas se sentem muito mais confiantes de que seus cavalos irão vencer. Cialdini utiliza o exemplo para defender que o compromisso público é uma das "seis grandes armas da persuasão". Então, por que não seguir com os livros o mesmo método de apostas?
Há vários aplicativos e serviços que podem te ajudar nisso. O Goodreads ou o Reco são bons exemplos. Neles, é possível estabelecer uma meta anual, conectar-se a amigos ou colegas, acompanhar o que eles estão lendo e inserir livros para leituras futuras. O Goodreads, por exemplo, permite que você não somente mostre qual livro está lendo aos amigos, como vá atualizando o "progresso": as páginas que vai conquistando a cada dia. Ao final, você irá dar uma nota (de 1 a 5 estrelas) para a obra.
Encontre listas confiáveis e com curadoria: Pense que a indústria literária coloca no mercado, em média, 50 mil livros por ano. É impossível ter tempo de sentar e conferir todos eles. Como selecionar então uma boa obra diante dessa infinidade de opções? Neil diz que gosta de olhar a lista de sugestões elaborada por livrarias pequenas e indepedentes, além de buscar "os livros favoritos" de pessoas que admira — Bill Gates, por exemplo, sempre faz a sua anual. Achar listas boas nem é tão difícil assim. O difícil é conseguir encontrar aquela que combina com seu gosto de leitura. Para isso é preciso caçar, buscar, ler, conversar e ouvir podcasts.
Mude sua mentalidade sobre abandonar um livro: você já se sentiu muito mal em abandonar um livro pela metade? Não se sinta. Neil defende que, pelo contrário, isso pode ser um motivo de orgulho. Mude sua mentalidade. Não perca tempo com algo que não está gostando. Ele comenta que desiste de três ou quatro livros para cada livro que, de fato, termina. Sua técnica é fazer o teste das "cinco primeiras páginas" antes de comprar qualquer livro - ele lê o início da obra, analisando a linguagem, o ritmo e o tom.
Monte uma "estante dinâmica": Neil afirma que percebeu que deixou sua estante igual por anos e a via como algo "fixo" ou como "objeto artístico". Ela estava sempre lá, rodeada por lindos vasos com flores. Agora, ele a encara como um "organismo vivo". Precisa estar sempre em mudança. A cada semana, ele comenta que coloca cinco novos livros e tira outros três. Empresta alguns livros para bibliotecas do bairro, lojas ou vende em outlines online. Repassa livros para amigos. Ter uma estante dinâmica, como define, é importante porque estimula a ler mais, a mudá-la sempre e a torná-la sempre atraente.
Leia livros de papel: Neil diz que não gosta de ler e-books ou fazer leituras direto pelo celular. Ele se esforça diariamente para trazer novos livros para casa — e fazê-los circular depois. "Em uma era na qual somos filmados e fotografados e tudo vai para o digital, há um sentimento especial em ter uma coleção física de livros na sua própria casa. É, no fundo, uma representação física da evolução e mudanças que estão passando pela sua cabeça enquanto você está lendo. E pode ser também, em meio a tantas telas digitais que nos cercam, um descanso tocar os livros com nossas próprias mãos — sem precisar ligar ou desligá-los", afirma.