Sobre A montanha mágica o acadêmico e crítico literário inglês Malcolm Bradbury (1932 – 2000) escreveu: "Seria, segundo Thomas Mann, uma viagem à decadência; contudo, ele também a qualificou como a busca da ideia do homem, o conceito de uma humanidade futura que vivenciou o mais profundo conhecimento da doença e da morte.”.
Lendo a biografia de Thomas Mann, soube que sua mãe Júlia da Silva Bruhns (1851 – 1923) era brasileira, filha de pai alemão - fazendeiro que possuía plantações de açúcar entre as cidades de Santos e Rio de Janeiro – e mãe portuguesa, da cidade de Paraty, Rio de Janeiro. Júlia perdeu sua mãe quando tinha apenas seis anos de idade, e o pai decidiu, então, enviá-la, junto dos irmãos, para Lübeck, na Alemanha, para morarem com um tio.
Na Alemanha, no ano de 1869, com 17 anos, casou-se com o cônsul e comerciante alemão Johann Heinrich Mann (1843 –1892) e tiveram cinco filhos. Júlia escreveu o livro Da infância de Dodô, memórias de sua infância no Brasil. E o mais incrível: seus filhos, Heinrich, Thomas, Júlia, Carla e Viktor – também escritores – criaram personagens em diversos livros inspiradas em sua mãe Júlia da Silva Bruhns. Dodô era o seu apelido de infância, em Paraty. Júlia, depois da morte do marido, em 1891, mudou-se para a cidade de Munique, no sul da Alemanha, instalando-se no bairro boêmio de Schwabing e se tornou, em pouco tempo, uma conhecida agitadora cultural, organizadora de saraus literários e festas memoráveis, em sua casa.
Júlia da Silva Bruhns morreu em Wessling, município da Alemanha, no distrito de Starnberg, na região administrativa de Oberbayern, estado de Baviera, aos 72 anos de idade, e nunca mais voltou ao Brasil. “Nasci na selva, ao lado do oceano Atlântico, ao sul do Equador, entre macacos e papagaios!”.
João Scortecci