A obra, de 1938 e com a grafia da época, fez parte das comemorações de inauguração da Praça Antonio Maurício de Sousa, com o busto de bronze do autor, na cidade de Santa Isabel, Região Metropolitana de São Paulo. A arte da capa foi criação de José Miguel Silva Lara, profissional dos Estúdios Maurício de Sousa. Antonio nasceu poeta, mas também foi desenhista, pintor, compositor — teve várias músicas e canções gravadas —, radialista — atuou nas rádios Piratininga, Cruzeiro do Sul e Marabá —, palhaço de circo, barbeiro, impressor de linotipo e sonhador!
Durante muito tempo, quando barbeiro, imprimiu numa máquina de tipos, instalada nos fundos da barbearia, um jornalzinho de título “A Caveira”, com assuntos diversos, que ele mesmo escrevia e editava. De circulação local e distribuído de mão em mão, o jornal vez por outra criticava — ardidamente — políticos, poderosos e religiosos da cidade de Mogi das Cruzes/SP, onde a família morava.
Meu encontro com o criador da Turma da Mônica aconteceu nos Estúdios da Mauricio de Sousa, na capital paulista. Maurício foi gentil e atencioso. Palpitou sobre a publicação do livro do pai, a arte final da capa, o texto das orelhas — biografia do autor — e pediu — de pronto — que seu “staff” providenciasse matéria de destaque, sobre a obra e a inauguração da praça em homenagem a seu pai, nas revistinhas da Turma da Mônica. “Você tem filhos?”, perguntou-me. “Tenho.”. E, aproveitando a deixa, acrescentei: “Chama-se Alexandre, e no dia 2 de outubro completa 3 anos de idade.”. Maurício, então, pegou papel e caneta de desenho, cor preta, desenhou a Mônica em um cartão de aniversário e escreveu: “Parabéns, Alexandre”. O cartão — guardado a sete chaves — virou matriz de convite para a sua festa de aniversário.
Quando o cartunista Maurício nasceu — primogênito de Antonio Maurício de Sousa — o poeta escreveu este belíssimo soneto intitulado “Nosso Filho”:
“És o fructo de um grande e santo amôr... / És a fascinação, és esperança! / A fulgida ventura que o Senhor, / Enviára para nós como lembrança. / Que não tenhas na vida um dissabôr... / Que o teu futuro seja só bonança... / Que ames Deus e teus paes, com tal fulgor, / Como te amamos já, desde creança. / Tranbordaste de amôr o nosso ninho, / E os desejos que temos, tem um brilho / Que é para iluminar o teu caminho. / Já que segues comnosco o mesmo trilho, / Esperamos que Deus, com seu carinho / Faça de ti um bom e nobre filho!”.
E, no soneto “Confissão”, expressa o seu amor pela poeta Petronilha de Sousa, esposa e mãe: “Á quem a minha vida já pertence; o encanto que embriaga e que fascina.”. Na apresentação do livro “Scenarios da vida - O cego e o ateu”, seus filhos — Maurício, Mariza, Maura e Márcio — escreveram: “Na sua obra o poeta se perpetua e segue existindo.”
O poeta Antonio Maurício de Sousa faleceu na cidade de São Vicente, litoral paulista, no dia 28 de agosto de 1977.
João Scortecci
scortecci@gmail.com
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