Editor dos 3 mil livros - Plinio Martins Filho / por Marcello Rollemberg

Em 50 anos de trabalho no mercado editorial, Plinio Martins Filho editou muito e fez do livro tanto um trabalho quanto um prazer. Você sabe onde fica Pium? Muito provavelmente, não. Mas se você gosta de livros, talvez devesse saber. Afinal, esta minúscula cidade no interior do Tocantins, habitada por não mais do que 7 mil almas, é o local de nascimento de um dos mais prestigiados editores brasileiros: Plinio Martins Filho, que em fevereiro completa 50 anos de trabalho no mercado editorial. Sexto filho de uma família simples e quase nada afeita às letras – o pai era vaqueiro e a mãe, costureira -, Plinio nasceu naquela cidadezinha quando ela ainda pertencia ao Estado de Goiás (antes da criação de Tocantins), foi educado em escolas pequenas no interior do cerrado e só aportou em São Paulo e no mundo editorial, com 20 anos, meio que por acaso: um irmão trabalhava na Editora Perspectiva, do professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e crítico de teatro Jacó Guinsburg (1921-2018), e conseguiu uma vaga para ele, no depósito da editora. Mas ficou lá pouco tempo. “Na hora do almoço, preferia subir ao segundo andar e ver o pessoal da revisão trabalhando. Aquilo era fascinante para mim”, relembra ele, que também é professor da ECA, desde 1987.
A fascinação era tão grande que chamou a atenção de Guinsburg, que o levou para a revisão. De lá, acabou indo trabalhar diretamente com o mítico editor – e ficou com ele por 18 anos, só saindo em 1989 para a empreitada de sua vida: trabalhar na Editora da Universidade de São Paulo, a Edusp, ao lado de outro nome que marcou sua trajetória, o professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP João Alexandre Barbosa (1937-2006), que acabara de receber a missão de reestruturar a editora universitária, tornando-a uma editora de fato.
Foi diretor editorial da Edusp e depois, seu presidente, até sair de uma forma um tanto torta e lacônica em 2016 – um telefonema de um assessor da Reitoria e um despacho no Diário Oficial selaram a trajetória de Plinio Martins Filho à frente daquela editora que ele tornou a principal editora universitária do País. Hoje, ele está à frente das publicações da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP e continua com suas aulas no curso de Editoração da ECA. E no currículo, mais de 3 mil livros editados nesse meio século de carreira editorial (entre Perspectiva, Edusp, Com-Arte – a editora laboratório da ECA – e a Ateliê Editorial, que ele criou em 1996 – “um grande prazer”). Oitenta desses livros ganharam o Prêmio Jabuti, o principal do mundo livresco. O editor ainda tem seu próprio Jabuti como autor, ganho em 2017 graças ao livro Manual de editoração e estilo (EdUnicamp). Idealizado como um manual para a Edusp, o livro é originalmente a tese de doutoramento apresentada por Martins Filho na ECA em 2006.

Marcello Rollemberg
05.02.2021


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