CenárioMT - Daniel Mello - 11/02/2019 |
Os rascunhos de Manoel de Barros são a base da mostra em homenagem ao poeta, que começa na próxima quarta-feira (13) no Itau Cultural, na Avenida Paulista, região central da capital. Os manuscritos foram anotados em cadernos irregulares, de diversos tamanhos e formas, confeccionados pelo próprio autor mato-grossense.
Ao reaproveitar diferentes materiais para usar como suporte para o seu trabalho, o escritor colocava em prática uma filosofia que defendia em sua obra, de que tudo “serve para poesia”: “caco de vidro”, “garampos”, “retratos de formatura”, “detritos semoventes”, “latas” e “todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe a distância”, como enumerou em seu poema Matéria de Poesia (1974).
O apreço pelas coisas pequenas e simples é uma das principais marcas do poeta, que lançou o primeiro livro em 1937 e o último em 2013, um ano antes de morrer, quase chegando aos 98 anos. “Eu trato muito dessas coisas miudinhas”, enfatiza em um dos depoimentos inéditos colhidos em vídeo por Joel Pizzini e que poderão ser vistos na exposição. “Nós desprezamos o ínfimo. O homem despreza o que é pequeno, é desimportante, não vale nada, é lixo. Mas para a poesia, vale”, filosofava.
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