Digitalização de 8 mil folhetos de cordel amplia visibilidade do poema popular brasileiro

Secretaria Especial da Cultura - 30/1/2019 |

Aqueles pequenos “folhetos” com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes em feiras no interior do Nordeste estão ganhando o Brasil e o mundo por meio da internet. Os poemas populares da literatura de cordel estão em processo de digitalização pela Fundação Casa de Rui Barbosa, vinculada ao Ministério da Cidadania. Já foram digitalizados e disponibilizados no portal da Casa de Rui 2.100 títulos e esta semana a entidade começou o processo de digitalização de outros seis mil títulos. Dentro de cerca de dez meses, a depender da liberação de direitos autorais, o mundo inteiro terá acesso a cerca de 8.379 títulos da cultural regional brasileira, disponíveis gratuitamente ao público por meio do site da Casa de Rui.

Além dos folhetos, no portal da Casa de Rui há uma série de indicações e referências de artigos, livros, teses e dissertações envolvendo o tema do cordel, que constitui uma coleção ímpar em importância e originalidade de produção cultural brasileira.

“Ter a minha obra no site da Casa de Rui Barbosa é levar a minha arte ao mundo. Tem um significado histórico, é uma consagração”, disse o fundador da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, o cordelista, poeta, contista e ensaísta Gonçalo Ferreira da Silva, de 81 anos. O cearense é autor de cerca de 300 títulos e se iniciou no Cordel em 1978. Há um conjunto de 216 folhetos em versão on-line do seu trabalho no Portal da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Preocupado com a manutenção e valorização do cordel, Gonçalo atuou junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia também vinculada ao Ministério da Cidadania, para que o cordel fosse reconhecido como patrimônio brasileiro, o que se concretizou em setembro de 2018, quando o estilo literário recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro.

Relatos do cotidiano, mortes de pessoas famosas, lendas e acontecimentos históricos são alguns dos temas desses cordéis. Apesar da liberdade temática, os cordelistas seguem as tradições de métricas em suas criações. Os mais frequentes são a parcela (estrofe de versos de quatro sílabas, mas há ainda uma versão mais recente com cinco sílabas); estrofes de quatro versos de sete sílabas; as sextilhas (constituída de seis linhas ou seis versos de sete sílabas, sendo que as linhas pares rimam entre si); setilhas (estrofes de sete versos de sete sílabas); oitavas (estrofes de oito versos de sete sílabas); décimas (dez versos de sete sílabas), mais usadas por repentistas e martelo agalopado (estrofe dez versos de dez sílabas).

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