Dia Mundial do Braille

No centenário de Dorina Nowill, Fundação leva seu legado adiante e amplia parque gráfico alcançando a capacidade de produzir até 450 mil páginas braille por dia.

Cenário:

Nascida em maio de 1919, na capital paulista, Dorina de Gouvêa Nowill ficou cega repentinamente, aos 17 anos, em consequência de uma doença não diagnosticada. A partir da perda completa da visão, ela começava a fazer história e a construir os pilares da instituição que, no futuro, levaria seu nome e sua causa. Percebendo a carência de livros em braille, criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil – hoje, Fundação Dorina Nowill para Cegos – que iniciou suas atividades em 1946 com a produção e distribuição de publicações acessíveis justamente pelo sistema braille.
No ano em que Dona Dorina completaria 100 anos (ela faleceu em agosto de 2010, aos 91 anos), a Fundação Dorina Nowill para Cegos segue o legado indo além da produção de livros em braille. Mas as comemorações do Centenário da fundadora começam lembrando do primeiro compromisso da entidade com as pessoas com deficiência visual. No dia 4 de janeiro, Dia Mundial do Braille, a Fundação Dorina Nowill para Cegos amplia seu parque gráfico, incorporando 26 novas impressoras digitais de braille e, consequentemente, aumentando sua capacidade de produção para até 450 mil páginas braille por dia.

"Considerando as referências que temos no Brasil e no mundo, a expansão da nossa Imprensa Braille coloca a Fundação Dorina Nowill para Cegos como uma das maiores gráficas do sistema no mundo", diz Alexandre Munck, superintendente da instituição. E acrescenta: "para as editoras, empresas e prestadoras de serviço do país, é a chance de viabilizar a acessibilidade de publicações, embalagens, cardápios e demais materiais gráficos. Para as pessoas com deficiência visual (6,5 milhões no Brasil, de acordo com as últimas estatística), a esperança de ter garantido o seu direito ao acesso à informação e educação".

Alfabetizada em braille e uma das maiores autoridades sobre o sistema:
Ainda garota, Regina Oliveira encontrou no braille a ferramenta fundamental para sua alfabetização e independência. Regina nasceu com glaucoma, diagnosticado nos seus primeiros três meses de vida. Identificada a doença, seus pais buscaram por uma cura junto aos médicos, mas, aos 7 anos, ela perdeu por completo a visão. Em casa, sua mãe havia começado a ensinar as letras do alfabeto. Mas Regina queria frequentar a escola junto com as outras crianças. Ainda pequena, teve seu primeiro contato com a Fundação Dorina Nowill para Cegos, onde foi alfabetizada em braille. Depois, estudou com as demais crianças do bairro na escola regular, contando com os livros didáticos produzidos na instituição.

"Toda criança cega deveria ter garantido o direto de ser alfabetizada e de ter acesso a livros didáticos em braille. Direito esse previsto por programas e leis federais, como a LBI – Lei Brasileira de Inclusão. Mas, lamentavelmente, essa ainda não é a realidade. Nosso país é muito grande, assim como a quantidade e a diversidade de livros adotados nas escolas. Por isso, acreditamos que muitas crianças ainda são carentes do sistema braille, o único formato natural de leitura e escrita capaz de alfabetizar e de apresentar fórmulas e símbolos de química e matemática, por exemplo", diz Regina Oliveira, Coordenadora de Revisão da Fundação Dorina Nowill para Cegos e membro do Conselho Mundial e do Conselho Ibero-americano do Braille.
Ainda garota, Regina compreendeu que o braille seria um importante instrumento para a sua independência. Tese que, desde então, vem sendo comprovada constantemente. Há quase 40 anos trabalhando na Fundação Dorina Nowill para Cegos, onde começou como telefonista, e desde 2013 atuando como membro do Conselho Mundial e do Conselho Ibero-americano do Braile, Regina assume a missão de colaborar ativamente para manter o sistema sempre em dia. Quando falamos de braille, estamos indo muito além dos livros. "A invenção da escrita foi a maior invenção. A partir dela, a humanidade foi evoluindo. Infelizmente, as pessoas cegas ficaram, por muitos anos, afastadas dessa conquista. Até que, há 200 anos, veio o braille. Por isso, para mim, 4 de janeiro é um dia para celebrar sim. É como se fosse um segundo Natal, um segundo aniversário. É um dia que me sinto muito feliz e muito igual às outras pessoas. Isso não tem preço", diz Regina.
Por que o braille?

1. Uma criança que nasce cega ou torna-se cega antes da alfabetização só pode ser alfabetizada aprendendo o braille. O sistema é a única ferramenta capaz de garantir o aprendizado – e o exercício – da escrita e da leitura.

2. Esse sistema de escrita e leitura continua sendo imprescindível para maior autonomia e segurança das pessoas cegas para, por exemplo, ingerir e administrar remédios, pedir um extrato bancário e ter privacidade para consultá-lo, verificar contas de consumo ou ainda ter acesso ao conhecimento por meio de livros acessíveis.

3. No dia 17 de dezembro de 2018, ou seja, há menos de 1 mês, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu o Dia Mundial do Braille como instrumento de conscientização sobre a importância do Sistema como meio de comunicação e informação.

4. Mesmo com o avanço de recursos como o livro digital acessível ou audiolivro, o braille proporciona independência e a representação tátil das letras é indispensável também para a transcrição de gráficos, símbolos matemáticos, ilustrações, entre outros símbolos que fazem parte do processo educacional.
Fontes sugeridas:

1. Alexandre Munck, superintendente da Fundação Dorina Nowill para Cegos, que pode falar sobre a expansão da Imprensa Braille, serviços prestados pela área há mais de 70 anos e expectativas do setor.

2. Regina Oliveira, coordenadora de Revisão da Fundação Dorina Nowill para Cegos e membro do Conselho Mundial e do Conselho Ibero-americano do Braille, que pode falar sobre o Sistema e sua importância para a pessoa cega.

Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos

Há mais de 70 anos, A Fundação Dorina Nowill para Cegos trabalha para que crianças, jovens, adultos e idosos cegos e com baixa visão sejam incluídos em diferentes cenários sociais. A instituição oferece serviços gratuitos e especializados de habilitação e reabilitação, dentre eles orientação e mobilidade e clínica de visão subnormal, além de programas de inclusão educacional e profissional. Responsável pela maior Imprensa Braille do Brasil e da América Latina, em capacidade de produção, a Fundação Dorina Nowill para Cegos é referência na produção e distribuição de materiais nos formatos acessíveis braille, áudio, impressão em fonte ampliada e digital acessível, incluindo o envio gratuito de livros para milhares de escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil. A instituição também oferece uma gama de serviços em acessibilidade, como cursos, capacitações customizadas, sites acessíveis, audiodescrição e consultorias especializadas. Contando com o apoio fundamental de colaboradores, conselheiros, parceiros, patrocinadores e voluntários, em 2017, a Fundação Dorina Nowill para Cegos foi reconhecida pela revista Época e pelo Instituto Doar como uma das 100 Melhores ONGs para Doar no Brasil, confirmando a seriedade de um trabalho que atravessa décadas e busca conferir independência, autonomia e dignidade às pessoas com deficiência visual. Mais detalhes: www.fundacaodorina.org.br.

Mais informações sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos para a imprensa:

Alexandre Moreno (alexandre.moreno@advicecc.com)
Tel: (11) 5102 5251 | (11) 5102 5252 | (11) 98374 4664
Anna Carvalho (anna.carvalho@advicecc.com)
Tel: (11) 5102 5255 | (11) 5102 5252
Fernanda Dabori (fernanda.dabori@advicecc.com)
Tel: (11) 5102 5255 | (11) 5102 5252 | (11) 99211-5097