Veja - João Batista - Oliveira - 21/1/2019 |
Você sabe ou seria capaz de adivinhar as 100 palavras mais usadas nos livros infantis? E se você refletir por alguns instantes, seria capaz de desenvolver alguma hipótese sobre o tipo de palavras? Seriam as palavras mais ligadas ao dia-a-dia? Ao contexto? Aos objetos concretos? Às ações típicas da criança? À constelação familiar?
Ao iniciar um projeto para produzir uma coleção de livros para desenvolver fluência de leitura, identificamos um total superior a 260 mil palavras diferentes em 26 clássicos da literatura infantil. Desse total, as 100 palavras mais frequentes são palavras do tipo: a, que, como, onde, quem, por que, assim, etc. Ou seja: são palavras “sem sentido”.
Se você refletiu antes de formular sua hipótese sobre quais são as palavras mais usadas nos livros infantis, deve ter entendido aonde quero chegar: a maior parte do esforço para entender um texto reside em decifrar o significado das palavras que não têm sentido – aquelas que funcionam para explicar ou implicar as ideias umas com as outras – o que a gramática chama de anáforas e dêiticos.
Para compreender textos, é importante conhecer o sentido das palavras. Mas outras habilidades são igualmente importantes. Uma delas, que requer sempre muito maior esforço, consiste em estabelecer relações entre as palavras. Mesmo num texto do qual conhecemos todas as palavras, esse esforço é necessário. Por exemplo, para compreender a frase “Ontem ela disse que ele estaria aqui cedinho”, o leitor precisa fazer uma série de inferências a respeito de quando era ontem, quem era ela, quem é ele, onde é o “aqui” e assim por diante.
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