Livros raros são descobertos em acervo de biblioteca do Pará

Terra - Pedro Alves e Pepita Ortega - 12/11/2018 |

No Centro Histórico de Belém, as estantes da Biblioteca Fran Paxeco abrigam, há mais de 150 anos, cerca de 40 mil livros de séculos passados. A importância de alguns títulos, no entanto, permanece desconhecida até hoje. Na última semana, obras valiosas foram descobertas no acervo da biblioteca, entre elas um título que conta com menos de dez exemplares em todo o mundo.
O volume de Chronographia y Repertorio de los Tiempos da biblioteca é o segundo a ser encontrado fora da Espanha, aponta a especialista em preservação de patrimônio Ethel Soares. Existem só outros sete exemplares no mundo. Publicado em 1585, o livro do astrônomo espanhol Francisco Vicente de Tornamira trata de temas como a criação do universo e o movimento dos planetas e as constelações.
 Outro importante título encontrado é uma edição de Materia Medica, do médico italiano Pietro Andrea Mattiol, que conta com comentários sobre botânica. Segundo Ethel, o volume da biblioteca portuguesa é um dos mais completos.
A biblioteca descobriu ainda Manuale Processionum, obra de 1733 que contém as canções da Ordem dos Agostinianos Descalços. "O livro chama a atenção não por critério de ineditismo, mas por sua presença em um acervo brasileiro", aponta Fernando Lacerda, pesquisador da Universidade Federal do Pará. Essas descobertas são fruto de um trabalho de recuperação e catalogação capitaneado por Ethel. Há cerca de três anos, ela tenta reorganizar as obras que compõem o acervo.
A Biblioteca Fran Paxeco nasceu em 1867, com a criação do Grêmio Literário Português, em Belém. O espaço serviria como ponto de confraternização e troca de ideias para imigrantes que vieram de Portugal para se estabelecer no Brasil. Inicialmente, o espaço era um gabinete de leitura para os membros do grêmio. Hoje, a visitação é aberta. O nome homenageia o escritor português e patrono do gabinete de leitura na capital do Pará, Manuel Francisco Pacheco, mais conhecido como Fran Paxeco.

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