Jurista e educador Joaquim Falcão toma posse na Cadeira 3 da ABL e afirma: ‘Não devemos nos entregar à outra escuridão. Aquela que alguém escolhe por nós o que nós podemos escolher’

Academia Brasileira de Letras - 23/11/2018 |

O jurista, educador e intelectual público Joaquim Falcão tomou posse na Cadeira 3 da Academia Brasileira de Letras, hoje, sexta-feira, dia 23 de novembro, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi eleito no dia 19 de abril deste ano, na sucessão do Acadêmico, escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, falecido no dia 5 de janeiro de 2018. Em nome da ABL, a Acadêmica, escritora e ensaísta Rosiska Darcy de Oliveira fez o discurso de recepção.

Antes, Joaquim Falcão discursou na tribuna. Ao terminar, assinou o livro de posse. A seguir, o Presidente Marco Lucchesi convidou o Acadêmico e jornalista Merval Pereira para fazer a aposição do colar; o Acadêmico e professor Arnaldo Niskier (decano presente) para entregar a espada; e o Acadêmico e escritor Marcos Vinicios Vilaça para entregar o diploma. Terminada a cerimônia, o Presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico.

A mesa da cerimônia foi presidida por Marco Lucchesi e composta pelos seguintes Acadêmicos e convidados: Alberto da Costa e Silva, Secretário-Geral da ABL; Merval Pereira, Segundo Secretário; Rosiska Darcy de Oliveira; Paulo Câmara, Governador Pernambuco; Jarbas Vasconcellos, Governador Maranhão.

Os ocupantes anteriores da Cadeira foram: Filinto de Almeida (fundador) – que escolheu como patrono Artur de Oliveira –, Roberto Simonsen, Aníbal Freire da Fonseca e Herberto Sales.


DISCURSO DE POSSE

“Comecei propondo a ABL como patrimônio cultural. Termino propondo o estado democrático de direito como patrimônio político. Ambos dentro do comando de nossa constituição: ampliar a cidadania plena.

“Cultura é a capacidade de cada um escolher seu melhor futuro. Matéria-prima da democracia, tão importante quanto segurança, emprego, saúde, educação e justiça. Nenhuma economia funciona sem eficiente infraestrutura: rodovias, saneamento, transportes, energia e tanto mais. Assim, também, a democracia. Não funciona sem adequada infraestrutura para a livre circulação de direitos e deveres culturais. Direito é energia. Move igualdades e liberdades. Não pode faltar.

“Como energia, focalizo o direito de ler, de leitura e a literatura. Por todos os meios: livro, jornal, laptop, celular, internet, rádio, tv, exposições de arte. Analógicos, dialógicos, presenciais. Ler vendo, ler lendo, ler ouvindo, ler acessando. Sou dos que acreditam que mesmo em era visual, nunca se leu tanto no mundo. Apenas, lê-se diferentemente. Sejam grandes romances, instalações, twitter, facebook ou whatsapp.

Vencemos o analfabetismo que nos impedia de tecnicamente ler. Não devemos nos entregar à outra escuridão. Aquela onde alguém escolhe por nós o que nós mesmos podemos escolher”.

E encerrou: “O direito de expressão é direito relacional. Entre a liberdade do emissor e a escolha do receptor. Um energiza e dá vida ao outro. Mas, Austregésilo de Athayde, de Caruaru, nordestinado, diria o pernambucano Marcos Accioly, cimento que une esta instituição já com 120 anos, dizia: ‘O direito não é do jornalista, é do povo’”.

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