CURADOR DO PRÊMIO JABUTI RENUNCIA AO CARGO

CBL - 18/06/2018 |

Toda mudança gera desconforto, e todo desconforto gera medo!

As mudanças que propusemos para o Prêmio Jabuti este ano têm gerado muita insatisfação dentro de grupos de autores e editores que antes eram acolhidos em nichos específicos para as suas respectivas áreas de atuação e para as suas produções. O Prêmio Jabuti, ao longo de 6 décadas foi ofertado pelo mercado editorial brasileiro para os profissionais do mercado editorial brasileiro. Alguns desses profissionais se acostumaram a estabelecer e a ditar as regras do jogo a fim de atender os seus próprios interesses. Acho isto um erro! O principal foco das mudanças propostas, neste ano, foi apresentar um novo formato de prêmio, mais enxuto, mais racional, sem atender as especificidades de cada setor, de cada gênero e subgênero, porque nenhum prêmio do mundo consegue sobreviver e ter relevância desse modo, por mais justo que seja lutar pelo específico e pelo amiúde naquilo que se faz cotidianamente em cada área do universo editorial. O foco, doravante seria o leitor!  Aquele que é considerado o Nobel da literatura infantil, o Prêmio Hans Christian Andersen, que existe desde 1956, tem duas categorias apenas: “Melhor autor em literatura infantil e juvenil” (reparem, as duas juntas) e “ilustração infantil”. Não há que eu saiba atualmente nenhum manifesto ou mobilização de nossos autores, ilustradores e editores para que haja uma mudança no Hans Christian Andersen. Ao contrário deste prêmio, contudo, o Jabuti não é voltado exclusivamente seja à literatura infantil, seja à juvenil, seja à ilustração infantil. O novo prêmio Jabuti passou por diversas comissões internas da CBL, nas quais têm assento algumas das principais editoras de nosso país, além de entidades congêneres como a FNLIJ, braço do IBBY no Brasil (a organização que oferece o Hans Christian Andersen). NADA foi construído sozinho ou sem o consenso da maioria em todas essas comissões. Uma das manifestações contra o novo formato do prêmio foi publicada na forma de um artigo no último dia 11 de junho.Discordo das posições ali apresentadas, pois embora revele ter conhecimento das especificidades de cada gênero, do que é literatura infantil, do que é a juvenil (como se na CBL já não soubéssemos dessas diferenças) demonstra a mais completa ignorância de como é feito um Prêmio Jabuti, além de outras informações históricas incorretas. Não posso, como professor, deixar de corrigir alguém que afirma a existência do ‘Livro dos Mortos’, como exemplo de um “livro ilustrado”, “um dos mais antigos da humanidade”, ou qualquer coisa neste sentido. O ‘Livro dos Mortos’, egípcio, é uma invenção de um arqueólogo alemão do século 19.O conceito ‘ilustração’ também data deste século. Num mundo de muitas redes sociais, mas de pouca leitura, as pessoas compram facilmente o que corre nas redes por falsos especialistas.

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