Projeto dá visibilidade aos principais leitores do Brasil: os presidiários

Exame - Luiza Calegari - 28/04/2018 |

O brasileiro médio lê quatro livros por ano, segundo a última pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, encomendada pelo Instituto Pró-Livro e divulgada em 2016. Um presidiário do Distrito Federal, único local até hoje no qual foi feito esse tipo de levantamento, chega a ler três livros por mês, ou 36 livros por ano — nove vezes a média do brasileiro.

Em alguns estados, a leitura de cada livro, comprovada por uma resenha, desconta quatro dias da pena a que o detento foi condenado, na chamada remição.

A partir deste incentivo, Elisande de Lourdes Quintino, da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap), conduz um projeto de leitura e produção de resenhas, chamado “Leitura Liberta“, no Complexo Penitenciário de Hortolândia, no interior de São Paulo.

A editora Carambaia, especializada na publicação de livros desconhecidos do mercado editorial brasileiro, encontrou aí a oportunidade de levar suas obras aos “maiores leitores do Brasil”.

Em parceria com o projeto de Elisande, distribuíram seus títulos entre os presidiários, e publicaram as resenhas produzidas em seu site.

Além da produção das resenhas, a editora ainda fechou uma parceria com a Videocubo para a produção de um mini documentário sobre a importância da leitura para os detentos.

Para o vídeo, o diretor da Videocubo, Diogo Dias de Andrade, explicou que preferiu deixar de fora os relatos que mostravam os motivos da prisão dos detentos, na tentativa de humanizá-los, e para mostrar que as vidas das pessoas que cometeram crimes não se resumem ao ato que as levou à prisão.

O diretor de Trabalho e Educação do Centro de Progressão de Pena de Hortolândia, Marcos Antonio de Medeiros, conta que a estratégia funcionou: um dos detentos saiu da sessão de gravação emocionado, contando para ele que nunca se imaginou “dando opinião sobre um livro”.

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