Carta Capital - Ana Luiza Basilio - 24/04/2018 |
“Os livros falam sobre as nossas transformações, nos levam de um lugar para outro sem sair de casa, nos trazem vocabulário, a gente pode se enxergar neles”. A opinião sobre o mundo da literatura é de alguém que não só lê muitos livros, como sabe da importância deles para a formação da sociedade.
Em seus 13 anos de vida, Maria Alice acumula uma longa lista de livros e autores prediletos. “Amo o Marcelo, Marmelo, Martelo e outras histórias, da Ruth Rocha, e também o Menino que Aprendeu a Ver”, conta, empolgada. “Também tem o Diário de Pilar, que é uma sequência de histórias da Flavia Lins e Silva; Malala, a menina que queria ir para a escola, O Pequeno Príncipe….Ah, o Receitas da vó para salvar a vida, da Neide Barros. Se eu for falar todos, não termino hoje”.
Justamente por vivenciar a leitura tão de perto, Maria Alice tem a dimensão de que os livros nem sempre circulam como deveriam. “O mundo hoje é da tecnologia, o que acaba deixando-os meio de lado”, observa. Em sua cidade, Canaã dos Carajás, interior do estado do Pará, ela entende que a atividade leitora fica ainda mais prejudicada pelo número reduzido de bibliotecas públicas e pelo alto custo dos exemplares.
Foi aí que a jovem leitora decidiu agir, unindo o amor pelos livros às técnicas de contação de histórias. “No começo, ela improvisava, lia os livros, fazia vídeos sobre as histórias, se fantasiava e compartilhávamos entre os amigos”, conta a sua mãe Ellenjusse Martins, professora da rede municipal da cidade. Até o momento em que a garota teve acesso a uma formação que potencializou suas habilidades.
Em 2016, a Fundação Vale em parceria com a Associação Vaga Lume ofereceu na Casa do Aprender de Canaã dos Carajás um curso de mediação de leitura para 10 profissionais da Educação e 20 jovens voluntários, totalizando 24 horas presenciais de formação. Ainda nesse projeto, foi realizada uma revisão no acervo da Casa do Aprender e adquiridos 200 novos livros.
“Quis fazer o curso para aprimorar meus conhecimentos e penso que as formadoras atingiram a meta de incentivar a leitura por prazer e mostrar as diferentes formas de ler para o outro. A interação do grupo foi muito boa. Eu, com 11 anos, era a mais jovem, e a mais velha tinha uns 60 anos. Mesmo assim interagimos e aprendemos muito uns com os outros. Fizemos depois um grupo nas redes sociais para mantermos contato. A semente foi plantada!”, declarou Maria Alice na época.
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