Chegou o fim do fim do livro

Folha de S. Paulo - Alvaro Costa e Silva - 26/09/2017 |

RIO DE JANEIRO - Umberto Eco (1932-2016) passou seus últimos anos de vida fugindo de jornalistas sem imaginação que sempre lhe faziam a mesma pergunta. Para encerrar o assunto, Eco participou de longo bate-papo com o roteirista Jean-Claude Carriére que deu origem a um livro cujo título é justamente a resposta que ele se cansou de dar e algumas pessoas não queriam aceitar: "Não Contem com o Fim do Livro" (Record).

A essa altura do campeonato, ninguém mais parece discordar dele. Uma alfarrabista carioca até deu uma festa para celebrar "o fim do fim do livro". Recente pesquisa revelou que os e-books correspondem por apenas 1,1% do faturamento das editoras brasileiras. Na Europa e nos Estados Unidos, essa participação fica em torno de 20%. O digital estabilizou-se como mais um canal de leitura, estando longe de ser o principal. Não decolou, para usar a linguagem do mercado.

O ensaio-reportagem "A Vingança dos Analógicos" (Rocco), do canadense David Sax, mostra como o disco de vinil, o filme de película, as livrarias físicas, os caderninhos tipo Moleskine também foram um dia considerados moribundos —e, no entanto, continuam firmes e fortes. Mas nenhum tão vivo como o velho livro de papel, uma invenção perfeita com mais de 5.000 anos de história, a qual Umberto Eco comparava com a colher, o martelo, a tesoura e até mesmo com a roda. Na frase não menos perfeita de Millôr Fernandes: "Livro não enguiça".

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