Economista e escritor mineiro Edmar Lisboa Bacha toma posse na cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras

Academia Brasileira de Letras - 07/04/2017

“Edmar Bacha, intelectual público, escreve, predica, não se esconde, para mostrar que o ambicionado crescimento econômico somente virá se formos capazes de nos conectar com os fluxos de comércio e criatividade globais e que o aumento da produtividade é crucial para gerar renda”, garantiu, em seu discurso de recepção, o Acadêmico Fernando Henrique Cardoso.

O economista e escritor mineiro Edmar Lisboa Bacha (um dos integrantes da equipe que concebeu e implantou o Plano Real) tomou posse na Cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras, nesta sexta-feira, dia 7 de abril, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi eleito no dia 3 de novembro do ano passado, na sucessão do Acadêmico e jurista Evaristo de Moraes Filho, falecido no dia 22 de julho de 2016.

Em nome da ABL, o Acadêmico, ex-Presidente da República e sociólogo Fernando Henrique Cardoso fez o discurso de recepção. Antes, Edmar Bacha discursou na tribuna. Logo após, o Presidente da ABL, Acadêmico e professor Domício Proença Filho, convidou o Acadêmico e jornalista Merval Pereira, Segundo-Secretário, para fazer a aposição do colar, o Acadêmico, escritor e ex-Presidente da República José Sarney (segundo a tradição, o decano), para entregar a espada, e o Acadêmico Eduardo Portella, o diploma. O Presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico.

Os ocupantes anteriores da cadeira 40 foram: Eduardo Prado (fundador) – que escolheu como patrono o Visconde do Rio Branco –, Afonso Arinos, Miguel Couto e Alceu Amoroso Lima.

O novo Acadêmico iniciou seu discurso de posse com um poema de sua tia, a poeta Henriqueta Lisboa, retirado de seu livro “Caraça: Montanha Viva”. Disse que chegava à Academia “com a mesma emoção que Henriqueta Lisboa expressava face ao Caraça. Com o mesmo fascínio, a atitude de interrogação e de admiração, procurando descobrir por sintonia a resposta ao mistério do que é se tornar um Acadêmico”.

Manifestou sua alegria por ser recebido pelo Acadêmico Fernando Henrique Cardoso, e por dar seguimento a uma tradição familiar, já que quatro de seus tios foram membros da Academia Mineira de Letras. Também por se juntar a Roberto Simonsen, Celso Furtado e Roberto Campos, como um novo economista na Academia. E, finalmente, por aceder à Cadeira 40, cujo patrono e todos seus titulares anteriores foram intelectuais que sobressaíram na vida pública brasileira por terem conseguido fazer a união do pensamento com a ação universitária, política e social.

Após referências a cada um dos que o antecederam, Edmar Lisboa Bacha concentrou sua fala no elogio à vida e obra de seu antecessor, o Acadêmico Evaristo de Moraes Filho. Ressaltou tratar-se de professor, jurista e sociólogo com uma vasta obra nos campos do direito, da filosofia, da história das ideias e da sociologia. Nesse contexto, focou seu discurso em temas relacionados à transformação social na obra de Evaristo de Moraes Filho.

Analisou, em especial, a obra de grande importância desse autor, O Problema do Sindicato Único no Brasil, com 1ª. edição em 1952 e 2ª. edição em 1978. Nesse livro, segundo Edmar Bacha, Evaristo de Moraes Filho desmonta o mito da outorga da legislação trabalhista por Getúlio Vargas, desvendando a evolução das lutas sindicais e trabalhistas ao longo do Primeira República.

Bacha rememorou o episódio da aposentadoria compulsória pela ditadura militar do Acadêmico Evaristo de Moraes Filho como professor da UFRJ. Assinalou que ele foi o único professor titular do Rio de Janeiro que recusou o oferecimento da anistia em 1979, por não reconhecer legitimidade ao governo que a oferecia.

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