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SEM A SOMBRA DE UM GUARDA-CHUVA / João Augusto
João Augusto, um dos nomes da nova geração da poesia brasileira, despreza métricas e rimas, provoca pensadores de ocasião, “eleva” o ser humano à condição de imperfeito e impuro e, assim, o aproxima de uma fantasiosa liberdade. Em seu segundo livro, ele reafirma o jugo da aprovação pelo outro, a falta de coragem das pessoas, a repetição dos fatos e a mentira como o real a que todos buscam como remédio. Sem encontrar seu próprio nome, o poeta escreve para semear a dúvida, combustível do universo. Não oferece respostas. Apenas a sensação de que ser marginal é estar no centro do mundo e da boa poesia.
Volto a me encontrar com a poesia do João Augusto, neste Sem a sombra de um guarda-chuva, e é um reencontro prazeroso. Suas metáforas continuam insólitas, chegando em muitos poemas a beirar o Surrealismo de forma natural, como uma necessidade de sua poesia. Caso, por exemplo, do verso “É reduzir o tempo e redobrar as roupas”, de seu poema Realinhamento. Não se deve esquecer que literatura não é comunicação, mas expressão.
Daí tantas interpretações sobre referida criação não seriam despropositadas, como não seria despropositada a ausência de interpretação, que é sempre a paráfrase do poema, é a tentativa de racionalizar o que muitas vezes é irracional (no sentido nietzscheano). Outra face do poeta está no texto Burlesco: “A humanidade é uma graciosa farsa/ Mas os chimpanzés são mais ousados/ Porque troçam e pilham”. Eis um poema, um belo poema em que a “escrita automática” propugnada por Breton é instrumento de beleza. No lirismo reflexivo de João Augusto, pressente-se a busca desesperada da identidade e dos sentidos da vida. São cinquenta e seis poemas sem desnível, porque todos são da mais alta qualidade poética.
Menalton Braff - Vencedor do Prêmio Jabuti – 2000
Para que serve a poesia? - João Augusto, como recomenda Drummond, penetra no reino das palavras e o faz sem medo. João visita a realidade invisível aos olhos do homem cotidiano, anuncia novos espaços: “Decidi esconder-me no cimo/Para onde menos se olha”. Será esse o lugar da poesia? Anuncia novas maneiras de habitar esses espaços: “Criei assim para mim/Uma espécie imaginária de/ Guarda-chuva solar/Coisa que gente reta não inventa”. Para o poeta, não só o espaço, mas também o tempo requer um novo olhar: “E paro o tempo bem aqui/Em cima do meu mundo imaginário/Nesse tempo espaço sem dono”. Em seu percurso de experimentação, João assume o tempo em que se fundem vida e morte, e surge em seus versos a angústia de ser gente e ser finito: “Essa suja sina de ser apenas o que se pode”, e arrisca definir-se na indefinição: “Poeta é tudo aquilo que não tem nome...”. João respeita a matéria-prima com que lida (“Cada palavra tem seu tempo de nascer.../Cada poema/E cada poeta/Morre do seu jeito”). Parece não chegar a conclusões definitivas e nada conclui da maneira mais poética possível: “Poesia não nasce explicamento/Não morre exatinformação/É poeira que levanta o vento/É escuro na clarividência/É dois punhados de silêncio/Se digo melhor que são”. E eu, leitora, volto ao título e arrisco uma conclusão: mas, afinal, para que serve a poesia? A poesia, como sopra João Augusto, serve para ser.
Aider Cruz - Poeta e membro da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto.
Serviço:
Sem a Sombra de um Guarda-Chuva
João AugustoScortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-2381-8
Formato 14 x 21 cm
80 páginas
2ª edição - 2012
João AugustoScortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-2381-8
Formato 14 x 21 cm
80 páginas
2ª edição - 2012