Ignácio de Loyola Brandão faz um questionamento em seu novo livro: Deus, o que quer de nós?

Lançamento da Global Editora mostra a distopia de uma pandemia, criada pelo aclamado autor, em meio à história de (des) amor de Evaristo e Neluce. A pandemia, que tomou conta da vida da humanidade, instalou uma “realidade distópica” no mundo inteiro. Ninguém poderia imaginar que viveríamos com limites de locomoção e teríamos tantas perdas, tanto financeiras quanto emocionais.

Um cenário que mexeu - e mexe - com o emocional das pessoas. E esse é o pano de fundo do novo livro do aclamado escritor Ignácio de Loyola Brandão, Deus, o Que Quer de Nós, lançado pela Global Editora.

A obra chama a pandemia de Funesta e de Infame e mostra a história de (des) amor do casal Evaristo e Neluce. Juntos há anos, vivem entre briguinhas, com a “mesmice” que transborda em todos os relacionamentos e o imenso carinho que nasceu dos hábitos em comum.

Logo no início Evaristo lamenta a morte de Neluce, uma das vítimas da Funesta, quando a pandemia, na história, já dura alguns anos. O brilhante texto do autor mostra a confusão do personagem, que não tem mais consciência do que é realidade, sentido ou expectativa. Um passado que insiste em retornar de forma anárquica.

Os sentimentos de Evaristo se misturam e se confundem. O governo, liderado por uma figura que é referenciada como Desatinado ou Destemperado, causa desamparo, confusão e morte. “A certa altura, tivemos de decidir: ou o isolamento ou a morte. Houve quem quisesse a vida, mas muitos -- e esses muitos significaram milhões -- se deixaram levar pela morte e pelas palavras do Destemperado. Quem é esse homem que nos governa”, ressalta um trecho do livro.

A vida de Evaristo se baseia em relembrar diálogos e situações com Neluce e de fatos que aconteceram antes de conhecê-la. Ele, confuso, muitas vezes não lembra que a mulher está morta.

“Você ainda me ama, Evaristo?”

“Claro, por que não?”

“É que acho que estou enjoando de você.”

“Bem, confesso que tem dias que não posso te ver.”

Em toda a obra o confronto de “amor e ódio” está presente. Hora conflito, hora harmonia. Em outro trecho, Evaristo revela seu sentimento. “Você precisa sair desse quarto, meu amor. A vida acabou para você? Onde está aquela minha Neluce? Onde está?” O caos entre paredes faz eco com o que acontece no mundo em ruínas descrito por Loyola, que usa uma prosa ágil, desbocada e feroz. O caráter crítico embutido na narrativa do escritor é clara e explícita, qualidade que sempre foi característica nas obras dele, até hoje. Há 41 anos Loyola lançou Não Verás País Nenhum, livro que viria a se tornar um clássico literário.

Com uma trama que traça paralelos com a ditadura militar brasileira, a obra mostra São Paulo dominada por um regime fascista, em um contexto ambiental no qual as florestas desaparecem, queimadas, e a água é escassa.

Isso fica mais intenso em Deus, o que quer de nós? Ao questionar Deus, Loyola prioriza a humanidade nas páginas, mostrando as angústias e receios de cada um de nós. Sentimentos que ficaram à flor da pele, durante a pandemia, detalhada pelo grande autor.

Sobre o autor

Ignácio de Loyola Brandão nasceu em Araraquara, São Paulo, em 1936. Jornalista e escritor, passou em diversas redações brasileiras, como as revistas Claudia, Última Hora, Realidade, Planeta, Ciência e Vida, Vogue e a francesa Lui. São mais de 40 livros publicados, entre romances, contos, crônicas, relatos de viagem e obras destinadas ao público infanto-juvenil. Entre os romances mais conhecidos estão Bebel que a Cidade Comeu, Zero, Não Verás País Nenhum, O Beijo não Vem da Boca, Dentes ao Sol, Desta Terra Nada vai Sobrar e O Anônimo Célebre.

Seus livros foram traduzidos para diversos idiomas, incluindo até os menos convencionais, como húngaro, tcheco e sul-coreano. Dono de muitos prêmios importantes para a literatura brasileira, em 2016 recebeu da Academia Brasileira de Letras (ABL) o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da sua obra e, em 2019, o prêmio Juca Pato. Ainda em 2019, foi eleito membro imortal da Academia Brasileira de Letras e ocupa atualmente a cadeira número 11.

Ficha técnica:

Deus, o Que Quer de Nós

Autor - Ignácio de Loyola Brandão

Editora - Global Editora

Formato -- 16x23 cm

Páginas - 200

ISBN -- 978-65-5612-319-6

Preço - R$ 59,00


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