As dores do mundo – em tempos sombrios” de Adriana Silva Santiago / Por Marli Walker

"Vivemos tempos sombrios. Aos poucos, voltamos a olhar para dentro. A poesia de Adriana Silva Santiago é auxílio nesse exercício. “O homem nu” ainda não se vê e tampouco vê a casa em que vive: “O planeta insiste/para que o homem nu o veja”. Mas não há sinal que convença a humanidade de que é preciso parar e recuperar o que ainda é possível. O cenário pandêmico é pano de fundo da poética de Adriana. Também a destruição do meio ambiente, numa simbiose que entrelaça as circunstâncias, a devastação das florestas relacionada ao surgimento do vírus. Há um esforço da poeta em tentar alinhavar alguma esperança em meio as dores do mundo. Mas “em luto se fecham as horas/o tempo/.../ passa arrastado/ a contar os mortos. Mesmo no caos, entretanto, é possível tecer alguma esperança, pois é preciso “Florescer/amadurecer os frutos/o tempo se encarrega/das dores, das flores, dos lutos”. Assim, embora estes tempos sejam sombrios, há também a projeção de um novo tempo, aquele que, acreditamos, cura as mazelas e afaga nossas cicatrizes. Enquanto vivemos o luto, a poesia trata as aflições e nos cura de nós mesmos. Parabéns, Adriana Silva Santiago!"

Marli Walker
Professora universitária no Instituto Federal do Mato Grosso, escritora, poeta e membro da Academia Mato-grossense de Letras – AML, cadeira de número 02. 


SOBRE As Dores do Mundo - Em Tempos Sombrios

Desde que o mundo é mundo, ele carrega suas dores. Muitas delas estão registradas: papéis, documentos, memória. A História é cíclica. Gira, roda e corre em uma estrada cheia de altos e baixos, curvas, precipícios e belas paisagens também. Dizendo assim, parece que a História é uma entidade com vida própria. Na verdade não é. A História é construída por mulheres e homens com seus pensamentos e ações. Nós construímos a História. As dores do mundo – Em tempos sombrios nasce com o intuito de registrar o momento histórico das dores da pandemia do coronavírus, provocador da Covid-19, que matou meio milhão de pessoas, até agora, em nosso país (meio milhão não é um bloco, é meio milhão de uns: pais, mães, irmãos, namorados, filhos, netos, cunhados, amigos. Meio milhão de personalidades distintas e com histórias únicas. Pessoas necessárias e inesquecíveis para milhares de pessoas). Não apenas isso. A obra questiona: precisou aparecer uma pandemia arrasadora para se ver tantas coisas que estavam encobertas. Tanto descaso, fome, falta de dignidade humana, preconceitos, extermínio de indígenas e outros povos marginalizados, agressões ao planeta Terra. De tudo isso trata As dores do mundo – Em tempos sombrios. Trata também do amor à natureza, da confiança em dias melhores. Esses hão de vir, mas não a voar em um tapete mágico ou através de fadas com varinhas de condão. Esses dias só virão através do trabalho de mulheres e de homens conscientes na construção desse mundo. Um mundo melhor para se viver, um mundo de harmonia, entendimento, diálogo, amor, justiça social, educação, de mais livros do que armas. Só assim a paz. Porque a paz também se constrói. Nesse sentido, As dores do mundo – Em tempos sombrios vem para provocar. As perguntas são: que mundo queremos para viver e como estamos contribuindo para isso? Quais as ações? Estamos contribuindo para a construção ou a destruição de nosso planeta Terra? Não nos esqueçamos: a História é cíclica. Dias melhores virão. Mas eles não vêm sozinhos, a pé. Depende de nós. Da nossa vontade. Da nossa construção. Dos nossos encaminhamentos.

SERVIÇO

AS DORES DO MUNDO - EM TEMPOS SOMBRIOS
Adriana Silva Santiago
Código: 978-65-5529-470-5
Scortecci Editora - Poesia
Formato 14 x 21 cm - 1ª edição - 2021 - 65 páginas

LIVRARIA ASBEÇA