O CASO "HARRY POTTER" E O SERMÃO DE FOGO / JOÃO SCORTECCI

"Harry Potter é o diabo e está destruindo pessoas!". Num domingo, 30 de dezembro de 2001, em Alamogordo, ao sul do Novo México, nos Estados Unidos da América do Norte, uma comunidade religiosa liderada pelo Pastor Jack Brock (Jack Dempsey Brock, 1927-2020) queimou 30 exemplares da série literária juvenil “Harry Potter”, da escritora, roteirista e produtora cinematográfica britânica, J. K. Rowling.
Os livros de Rowling ganharam popularidade mundial, recebendo múltiplos prêmios e vendendo mais de 500 milhões de cópias. A Warner Bros adaptou os livros para o cinema, e os filmes entraram na lista de maior bilheteria da história. Harry Potter, o menino bruxo, foi capaz de enfeitiçar milhões de leitores, derrotar as forças do mal e transformar sua criadora numa mulher de sucesso e milionária, mas fracassou, quando teve que enfrentar a ira dos fiéis da "Congregação da Igreja da Comunidade de Cristo", liderados pelo Pastor Jack Brock.
A série “Harry Potter” foi demonizada por aqueles religiosos como "uma obra-prima do engano satânico". Enquanto cantavam “Amazing Grace” e queimavam livros, o Pastor insistia em afirmar: "Harry Potter é o diabo e está destruindo as pessoas". Jack Brock admitiu, em público, que nunca leu nenhum dos romances da série de Potter, mas disse que pesquisou o conteúdo deles. "Por trás desse rosto inocente está o poder das trevas satânicas", acrescentou, apontando para o simpático rosto de Harry James Potter - interpretado no filme pelo ator inglês, Daniel Jacob Radcliffe – estampado na capa de um dos livros. Em seguida, atirou-o no fogaréu da ignorância.

03.09.2021