Adimara Almeida Rosa Barbosa conversa sobre estreia no mercado literário e o futuro (PUBLISKO)

Entre Olhares E Poesia é a obra de estreia de Adimara Almeida Rosa Barbosa, fruto de muitos anos de prática e criação. Uma obra que retrata e valoriza aspectos do cotidiano, comuns a tantas pessoas, como já falamos aqui antes.

Curiosos pela experiência de Adimara, escritora há anos, mas que estreou profissionalmente agora, fomos conversar com ela:

Publisko: Cada autor tem um método diferente de escrever e desenvolver seu texto. Como é o seu?
Adimara Almeida Rosa Barbosa: “A escrita para mim é um fluir de sensações, emoções e sentimentos. Ela não é totalmente linear ou pragmática. É um processo variante. Muito antes de ir ao papel, o texto, a história, a narrativa e o poema já gestaram em minha mente e criaram vida. Eles podem ter seu embrião numa frase que ouvi, numa dúvida que tive, numa gravura que observei, numa obra da natureza, num fato cotidiano e pitoresco. Por isso, digo ser expressão de sensação. Em muitos casos, a ideia fica guardada em mim, crescendo e se formando por dias e noites até tomar corpo. Quando acredito que nasceu, sento e escrevo.”

Como foi a experiência de lançar seu primeiro livro?
“Lançar um livro foi algo mágico, desafiador, porém tremendamente prazeroso. Era algo com que eu sonhava, mas teimava em colocá-lo muito distante do atingível. Quando descobri ser possível, o entusiasmo e a criatividade foram ficando mais aflorados. Trabalhei bastante, contei com muitas mãos amigas, e o livro nasceu. Posso dizer que uma nova Adimara nasceu com ele.”

Quais são suas inspirações literárias?
“A leitura sempre fez parte dos meus prazeres. A música também tem seu lugar em minhas alegrias. Isso posto, guardo no coração das memórias trechos de livros, poemas, romances e letras de música que me emocionam. Vou relatar alguns autores:
Manuel Bandeira, Vinícius de Morais, Cecília Meireles, Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Paulo Leminski, Cora Coralina, Fernando Pessoa, Chico Buarque, Caetano Veloso, Belchior, Rubem Alves, Santo Agostinho.”

Quais foram os critérios utilizados para definir os textos que ficariam em Entre Olhares E Poesia?
“Eu tinha alguns textos guardados, escritos em diferentes momentos da minha vida. Interessante foi reencontrá-los. Pareceram novos. Despertaram-me outras sensações em relação àquelas de quando os escrevi. Pensei em uma forma na qual eles pudessem conversar entre si. Eles mesmos responderam a mim traduzindo o que trago no meu interior, minhas percepções de mundo e, diante disso, o que eu quero que permaneça. Estavam elucidados os capítulos. Assim, selecionei textos que se enquadrassem dentro dessa lógica.”

Entre Olhares E Poesia é dividido por seções, e cada uma traz um trecho de alguém, por exemplo, de Caetano Veloso. Como surgiu essa ideia e por que esses trechos?
“Como relatei anteriormente, a música faz parte da minha vida. Ela ocupa grande espaço no meu coração. Quando surgiu a ideia do nome dos capítulos — lado de dentro, lado de fora e eternidade —, de imediato, quis achar músicas que falassem desse movimento. Eu me pus a pesquisar. Encontrei várias. Tarefa deliciosa que envolveu família e alguns apaixonados por música, como eu. O difícil foi encontrar as melhores dentre a seleção. Todas eram ótimas. Foi um alimentar de alegria nostálgica. A palavra, o som, o ritmo, a história e o lúdico caminham dentro de mim.”

Tem algum texto em Entre Olhares E Poesia que te encanta mais que os outros?
“Dificílima pergunta. Seria como perguntar a uma mãe qual filho a encanta mais. Não existe resposta. Todos trazem sua peculiaridade, seu momento, seu encanto. Gosto de todos. Posso relatar que o último capítulo, eternidade, traz algo que me é perto demais, minhas preciosidades, pessoas que me são valiosas. Estas me causam muita emoção tanto pela presença quanto pela ausência. Mas o livro todo é um bem-querer.”

Os relatos de momentos e situações presentes nos contos de Entre Olhares E Poesia são resultado de situações reais ou apenas ficção?
“Os contos de Entre Olhares E Poesia trazem situações da vida cotidiana, algumas realmente experienciadas, como é o caso de: vacina do amor e tsuru, e outras baseadas em algum fato rotineiro, como ponte da vida. O interessante é a mensagem comum a que todos se propõem: vencimento da adversidade por meio de um novo olhar, com atitudes de amor, simplicidade e sabedoria. A intenção é deixar no leitor exemplos para ressignificar a vida. São testemunhos vivos de esperança.”

Como tem sido a recepção do público?
“Tenho encontrado grande receptividade e um enorme acolhimento do público para com a obra literária Entre Olhares E Poesia. Quando escrevi, pensei que falasse sobre minhas experiências. Qual não foi minha surpresa quando recebi relatos de identificação dos leitores com os contos e poemas! Dizem respeito à vida deles também. É válido relatar um, dentre vários que recebi, sobre a culinária dos sapinhos. Ele vem de uma senhora de cerca de 75 anos: ‘Tenho uma lagoa de sapos dentro de mim. Agora vou fazer uma plantação de favas. Vai ficar elas por elas’”.

Os contos do livro parecem flertar um pouco com a ficção e a não ficção. Diante disso, já pensou em escrever um livro só de ficção?
“Sim, já pensei e estou num processo de elaboração e estudo para esse novo projeto. Talvez um segundo livro de contos e poemas e, depois, um romance.”

Para o futuro, planeja escrever mais um livro nesse estilo, com conto e poesia?
“Sim, está em andamento, em fase de produção, um segundo livro de contos. Acredito que terá poemas também, porém com foco maior em contos. Está sendo um estudo para passos maiores. Tenho desejo de lançar em braile a obra Entre Olhares E Poesia.”

Se pudesse descrever sua obra em uma palavra, qual seria?
“Alvorada.”

Júlia Queiroga
Publisko
https://publisko.com/


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