SNEL - Nº 28|25/03/2021 -
“Autor, editor e livreiro formam uma trinca inseparável, pela identidade de interesses culturais e econômicos. Aquele que pense em se afastar dos outros vai se dar mal.”
Carlos Drummond de Andrade
Cunhada em uma placa afixada na sede do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), a frase acima é uma síntese dos princípios sustentados pela entidade de classe ao longo de seus quase 80 anos: a representação dos editores, indissociável da defesa do livro e da leitura no país e do equilíbrio de sua cadeia produtiva.
O SNEL acompanha atentamente os recentes debates sobre a situação do mercado livreiro face ao agravamento da pandemia de covid-19 no Brasil e às práticas comerciais criadas ou intensificadas em decorrência dessa nova realidade – que nem sempre estão em consonância com o conceito de união celebrado por Drummond e por nós.
Uma delas é uma política de descontos excessivos aplicada ao preço de capa dos livros (lançamentos ou não) e concentrada no e-commerce, canal que ganhou protagonismo neste período. Dados do 2º. Painel do Varejo de Livros deste ano, estudo da Nielsen em parceria com o SNEL, revelam que, no comparativo entre 2020 e 2021, houve um aumento de 8 p.p. (pontos percentuais) no valor do desconto médio concedido nas vendas. É fundamental esclarecer que – ao contrário do que o senso comum leva a crer – os crescentes descontos não deflagram um cenário positivo para o mercado livreiro.
Tal movimento afeta drasticamente as margens de lucro das editoras e livrarias, que acompanham a depreciação de valor comercial e cultural de seus produtos, o que, em última análise, enfraquece a bibliodiversidade brasileira. O aumento da variedade de títulos circulando na sociedade e a ampliação dos índices de leitura no país são bandeiras perenes e prioritárias em nossos posicionamentos nos âmbitos político, social e econômico.
Por isso, diante das discussões em voga atualmente no setor do livro no país, torna-se ainda mais importante a manifestação pública do SNEL em defesa de um ambiente saudável de negócios. Nosso desejo é que as relações comerciais sejam pautadas pela transparência e pelo equilíbrio entre todos os entes da cadeia livreira, que, no longo prazo, trará ganhos enormes para a indústria e consequentemente para a nação leitora que lutamos para fomentar.
Marcos da Veiga Pereira
Presidente do SNEL
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