CARTA ABERTA DA ABIGRAF AO MERCADO E GOVERNOS

Nós, gráficos brasileiros, não estamos de quarentena. Nossas impressoras continuam rodando jornais, livros, folhetos, rótulos e embalagens para o agronegócio e para os produtos que todo brasileiro usa em seu cotidiano, para limpeza, higiene pessoal, alimentação e, claro, medicamentos. Nossos colaboradores vão e voltam de suas casas, onde as famílias seguem abrigadas buscando proteção contra a pandemia, todos os dias expondo-se ao risco que é comum a todos os brasileiros. Nós não podemos, não queremos e não vamos parar, pois sabemos de nossa responsabilidade com o consumidor brasileiro, com nossos clientes e com nossas famílias. E prestamos aqui nossa solidariedade e agradecimento àqueles profissionais cujo trabalho é essencial à vida e a segurança da nação, em especial aos da área de Saúde, valorosos desde sempre e mais necessários do que nunca.

Desde o início da pandemia de Covid-19 a principal preocupação de nossa entidade foi manter todos os nossos associados bem informados sobre recomendações de saúde pública e as decisões fiscais e tributárias do Governo que afetam, ajudam e tentam minimizar os impactos da crise para as empresas. Cumprimos nosso papel à risca. Mesmo em home-office desde o início da semana passada, nossos departamentos Jurídico, Administrativo e de Relações com o Mercado continuam a todo vapor. Foram mais de uma dezena de comunicados distribuídos aos nossos associados para que todos tenham segurança jurídica para literalmente salvar suas empresas e os empregos de seus colaboradores no momento mais delicado da nação desde a segunda-guerra mundial.

Muito embora estejamos respeitando as orientações governamentais de manter o maior número possível de colaboradores protegidos do Coronavírus em suas casas, e parte significativa dos empresários de nosso setor tenha adotado medidas extras de proteção, como providenciar transporte exclusivo para seus colaboradores indispensáveis nas linhas de produção, precisamos que o Brasil volte ao trabalho o quanto antes. Mas com responsabilidade e de maneira que o risco de contaminação seja reduzido ao máximo possível. Sabemos que teremos pela frente mais algumas semanas extremamente difíceis e temos garra, coragem e esperança para seguir em frente, com fé em Deus e confiança nas nossas autoridades.

Mas precisamos que os governos façam mais. As medidas anunciadas na última sexta-feira, que beneficiam pequenas e médias empresas, com faturamento entre 300 mil e 10 milhões de reais por ano, são um alento à parte significativa dos empresários e trabalhadores brasileiros. Porém, no ramo gráfico, 97% das quase 18 mil empresas instaladas no território nacional e que geram mais de 170 mil empregos diretos, são micro e pequenas empresas que não atingem o patamar de faturamento para se beneficiar das concessões governamentais.
Em face disso, enviamos ao BNDES no último dia 27 de março, ofício (segue abaixo) pedindo agilidade na liberação dos benefícios para que nossos associados possam vencer essa crise da melhor maneira possível e os trabalhadores de nosso setor continuem empregados.
Essa crise certamente vai passar. Reiteramos nossa confiança nas autoridades das três esferas de poder, nossa esperança na ciência e nossa vontade de continuar trabalhando duro, como sempre fizemos, pelo bem do Brasil.

Levi Ceregato
Presidente da ABIGRAF Nacional.