Ministério da Cultura - 09/10/2019 |
Ler, ainda que não seja com os olhos. A Fundação Dorina Nowill trabalha para que milhares de pessoas em todo o país possam ter acesso à literatura e a técnicas de leitura inclusiva. Por meio do projeto Leitura em Todos os Cantos, a fundação irá editar 60 novos títulos e produzí-los em formatos acessíveis, como braille ou audiolivro e formato digital acessível – nesses últimos dois casos, o texto é apresentado em áudio por uma pessoa ou um robô, respectivamente.
Ao todo, serão 90 mil exemplares que irão incrementar 3,2 mil bibliotecas públicas e instituições de ensino. Até o momento, já foram publicados 13 títulos em braille, 31 em formato de áudio falado e 17 digitais. Tudo isso com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, por meio da qual a fundação conseguiu captar R$ 1,1 milhão para implementar suas ações.
O secretário adjunto da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, José Paulo Soares Martins, destaca o tema da acessibilidade, central no projeto da entidade. “Os projetos culturais e a política de incentivo à cultura utilizada pelo Ministério da Cidadania têm procurado privilegiar este tema em diversos programas e iniciativas. A Dorina Nowill é uma entidade que tem trabalhado muito pela acessibilidade, com livros que são dedicados a pessoas com deficiência visual. Projetos desta natureza reforçam o papel do incentivo fiscal como instrumento que viabiliza cultura para todos”, enfatiza.
Leitura e cidadania
Gilson Mauro de Oliveira Pereira é gerente da Biblioteca Braille do Estado do Amazonas. Mas nem sempre foi assim. Ele aprendeu a ler em cursos de alfabetização oferecidos pela fundação e reconhece a importância de ações como as do projeto Leitura em Todos os Cantos.
“Eu me lembro quando cheguei na Fundação Dorina, em 1981. Eu tinha acabado de ficar cego e não sabia o que fazer. Lá, eu aprendi a ler e depois até entrei na faculdade. Eu aprendi a ser uma pessoa que respeita, que luta, que tem amor à vida e que procura sempre trabalhar pela causa da pessoa com deficiência. A gente enxerga pelo coração e pela mente e a Dorina enxergou pela razão. Que o trabalho da Fundação nunca acabe”, conclui.
Natural de Goiás, Maria Eunice Suares também tem uma bela história para contar. Até os 21 anos, ela não sabia ler. Foi quando a Fundação Dorina Nowill entrou em sua vida. Desde então, as mudanças foram muitas. “A primeira vez em que eu entrei em uma sala de aula para aprender o sistema braile e fazer os meus anos de escolaridade, eu já usei o material da Fundação Dorina Nowill. Hoje eu já estou formada, me formei em Biblioteconomia em 92, e todos os meus anos de escolaridade eu devo à Dorina Nowill”, conta ela, que exerce sua profissão como atual diretora na Biblioteca Braille José Álvares de Azevedo, da Secretaria de Cultura do Estado de Goiás.
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