Terra - 31/1/2019 |
O mercado editorial brasileiro encolheu mais de 20% em uma década, com perdas que somam R$ 1,4 bilhão. Até gigantes do setor estão sucumbindo. Mas o que de fato está afetando o negócio do livro no país?Em outubro de 2016, a editora Martins Fontes decidiu interromper o fornecimento de livros para um de seus principais revendedores, a Livraria Cultura. Tratava-se de um movimento ousado, dado o peso dessa rede no mercado. Porém, o risco assumido pela empresa, motivado por uma dívida de 500 mil reais, acabou por salvá-la de um colapso que assombra o setor editorial brasileiro. Hoje, o passivo da Cultura com apenas uma editora, a Companhia das Letras, alcança os 18 milhões de reais.
Grandes redes do setor livreiro, Cultura e Saraiva entraram em recuperação judicial em dezembro do ano passado e fecharam dezenas das megalojas espalhadas em capitais de todo o Brasil. O impacto sobre as editoras é profundo, principalmente porque o mercado opera, há duas décadas, no modelo de consignação. Ou seja, as livrarias só repassam às editoras o pagamento pelos livros fornecidos após a revenda ao público - com prazos de até um ano.
A derrocada dessas empresas gerou surpresa entre o público, mas parece ter sido pavimentada ao longo dos últimos anos, confirmando a impressão de que as livrarias estão desaparecendo das ruas e centros comerciais do país. Evandro Martins Fontes, sócio da editora e livraria que leva o nome da família, além de criticar o modelo de expansão adotado pelas duas redes, aponta uma conivência das grandes editoras, que não reagiram ao acúmulo crescente de dívidas das quais eram credoras.
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