Jornal da USP - Claudia Costa - 9/1/2019 |
“Com a determinação de, a cada número, iluminar porções do vasto conjunto de obras que constitui a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP – um acervo bibliográfico num país ainda carente de livros, sobretudo livros de alta densidade – (…), a Revista BBM apresenta-se como uma chave alegórica para abrir o espaço da biblioteca a uma diversidade de interesses e gentes”, afirmam os editores Plinio Martins Filho, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron, diretor da BBM.
Segundo os editores, a revista, neste primeiro momento, expõe pesquisas feitas com base no rico acervo da biblioteca e, “curiosa e deliciosamente, algumas de suas gralhas, pastéis e afins”. É o caso do texto de Thiago Mio Salla, doutor em Ciências da Comunicação e em Letras pela USP, que apresenta uma das crônicas de Machado de Assis, publicada em 1864 no Diário do Rio de Janeiro, na qual a primeira sílaba da palavra cegara foi estampada não com “e” mas com “a”, o que alterou de forma radical o sentido da frase.
Nesta edição de estreia, o destaque é o dossiê Viajantes, com textos dedicados aos relatos de visitantes que, em sua maioria, chegaram ao Brasil com o estabelecimento da corte portuguesa. O tema tem atravessado séculos e ainda hoje é objeto de pesquisas de estudiosos e teóricos, que buscam nesses diários informações históricas, estéticas e literárias.
Os editores citam alguns dos mais célebres viajantes franceses, como Jean-Baptiste Debret, Voyage pittoresque et historique au Brésil (1839), Charles Ribeyrolles, Brésil pittoresque (1859), e Auguste de Saint-Hilaire, Voyage aux sources du Rio de S. Francisco et dans la province de Goyaz (1847). Ou, ainda, o alemão Friedrich Wilhelm Sieber, voltado a estudos geológicos e botânicos na bacia amazônica, e os naturalistas, também alemães, Georg Freyreiss (1789-1825) e Friedrich Sellow (1789-1831) acompanhando o príncipe Maximilian von Wied-Neuwied. Todo esse material constitui um importante legado da vida pessoal dos exploradores, revelando impressões sobre a descoberta do novo território, não apenas sobre suas dimensões gigantescas, mas também por sua diversidade étnica e geográfica.
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