Clarice Lispector: mais de 40 anos após morte, escritora desperta mais questões do que quando viva

Terra - Laís Modelli - 10/12/2018 |

Embora tenha receido reconhecimento ainda em vida, a obra visceral da autora, segue pautando debates acadêmicos. Seria ela uma feminista? Um autora de olhar estrangeiro sobre o país? Talvez sim, mas ela recusaria qualquer rótulo.

Poderia ser a história de uma de suas protagonistas, mas este foi o seu próprio final: um dia antes de completar 57 anos, morreu Clarice Lispector, no dia 9 de dezembro de 1977, em decorrência de um câncer de ovário.

Como despedida do público e da vida, a escritora publicou seu último romance, A Hora da Estrela, dois meses antes de morte. Clarice não chegou a ver que este se tornou o mais conhecido de seus romances.

"É curioso pensar que A Hora da Estrela foi a despedida de Clarice. O livro foi o seu testemunho, de vida e de morte. Ela o escreveu sabendo que sua própria estrela estava se apagando", reflete a professora de literatura brasileira da Faculdade de Letras da USP, Yudith Rosenbaum, autora do livro Metamorfoses do mal: Uma leitura de Clarice Lispector.

"A Hora da Estrela" narra a trágica história de Macabéa, uma alagoana ingênua que migra para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor.

Clarice também foi uma migrante em busca de terra nova: a escritora nasceu na Ucrânia, em 1920, mas migrou com a família para o Brasil com apenas dois anos. De origem judaica, os Lispector eram perseguidos na Europa e encontraram em Pernambuco o refúgio que precisavam.

Nesses mais de quarenta anos de morte, os escritos de Clarice têm se tornado cada vez mais conhecidos e sua obra hoje é comparada à de romancistas importantes da literatura internacional como Virginia Woolf, James Joyce e Katherine Mansfield.

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