Com boas estratégias, mercado de livros poderá crescer 9% em 2018

Diário do Nordeste - Samuel Quintela - 08/11/2018 |

Com duas das maiores livrarias do Brasil - Cultura e Saraiva - entrando em processo de reestruturação e fechando lojas pelo País, o mercado de livros parece ameaçado. No entanto, com a estratégia correta e uma visão comercial aplicada à realidade do mercado nacional, onde o público não possui formação clara de leitura, empresas têm mostrado, apesar da crise econômica, sinais de estabilidade. Em 2018, no Brasil, o setor de livrarias deverá fechar o ano com um crescimento de 9% nas vendas, e apresentar cases, como o da Leitura, que esperam uma elevação de pelo menos 8% no faturamento neste ano.

Segundo dados do Painel das vendas de livros no Brasil, estudo realizado mensalmente pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros e a Nielsen Bookscan Brasil, o valor acumulado de vendas, de janeiro a setembro de 2018, chegou ao patamar de R$ 1,346 bilhão. O resultado é 9,33% superior ao desempenho do igual período de 2017, quando foi contabilizado R$ 1,231 bilhão. Os dados são coletados do caixa das livrarias e canais de e-commerce.

A situação, contudo, ainda não é das melhores, como defende Marcus Teles, presidente da Livraria Leitura. Os resultados, quando positivos, ainda estão distantes do esperado para o setor. Mas segundo ele, a explicação não é tão complicada assim, podendo ser definida pelo planejamento estratégico para o crescimento das livrarias pelo País. Para Teles, o que garantiu a estabilidade da Leitura durante a crise foi a postura conservadora, e prática, para tomada de empréstimos com bancos de desenvolvimento, além do foco para definir as áreas em que era possível investir, considerando as escolhas, por exemplo, de em quais cidades abrir novas lojas.

Dívidas

"O que aconteceu foi que muitas dessas empresas que estão com dificuldade, cresceram com dívidas, ao contrário da Leitura. Temos R$ 2 milhões em empréstimos, sim, mas temos uma reserva boa de capital e mais do que isso sendo investido. Quem está quebrando é porque cresceu com muitas dívidas e acabou sendo afetado pela baixa da venda de livros em 2015", explicou.

"Mas o setor está se recuperando e deve crescer 8% a 9% em 2018", completou Teles. O presidente da Leitura ainda comentou que acredita no potencial de recuperação das livrarias Cultura e Saraiva, pois, segundo ele, fechar lojas deficitárias é bom sinal de reestruturação e redefinição de estratégias. Para Teles, considerando o perfil do consumidor brasileiro, expandir demais o número de lojas pode acabar sendo um problema caso não haja uma visão bem definida, o que pode acarretar na saturação do mercado. E é justamente a procura por novos potenciais de mercado que poderão trazer novas livrarias ao Interior do Estado.

"O Brasil é muito grande e temos muitas áreas sem livraria. No Ceará, pode até ter uma livraria grande que não esteja dando bons resultados, mas ainda temos cidades como Juazeiro do Norte e Maracanaú que estamos estudando para investir nos próximos anos", revelou Teles.

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