Na debacle da Livraria Cultura, a Fnac foi a gota d'água...

Brazil Journal - Natalia Viri - 26/10/2018 |

Quando a Livraria Cultura comprou a Fnac, há pouco mais de um ano, surgiu a pergunta inevitável: seria um abraço de afogados?

Os documentos da recuperação judicial da Cultura, arquivada hoje, sugerem que sim.

O atrativo na transação foram os R$ 130 milhões que a matriz francesa da Fnac pagou à família Herz ficar com o negócio. Era capital de giro na veia – um produto em escassez para a Cultura, que vinha sofrendo com queda nas vendas e endividamento bancário alto há pelo menos quatro anos.

Mas o que a Cultura não contava era com o tamanho do ralo de caixa que a operação da Fnac logo se revelaria.

Depois da aquisição, além de dever aos bancos, a Cultura passou a dever a fornecedores com quem antes estava em dia. Os Herz fecharam 2017 devendo R$ 17 milhões aos fornecedores e, este ano, a dívida saltou para R$ 92 milhões.

A lista de credores dá uma dimensão de como os problemas se somaram. Além de dever para uma série de editoras, a Cultura passou a ter dívidas milionárias com fabricantes de eletrônicos, a operação que herdou da Fnac. A Companhia das Letras é a editora com o maior papagaio a receber: R$ 7,5 milhões. Lenovo e Dell tem outros R$ 10 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente.

O resultado operacional da Cultura – antes do pagamento de dívidas – tinha ficado no zero a zero em 2016. No ano passado, foi para o vermelho em R$ 77 milhões. A previsão, segundo os documentos, é que o buraco encerre o ano um pouco menor: R$ 57 milhões.

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