Crescer - Aline Dini - 24/10/2018 |
Conta mais uma? Essa é a pergunta que dá vontade de fazer depois de ouvir Kiara Terra com suas histórias cheias de vida, sons e movimento. E não são só as crianças que se sentem assim! Quase dá para sentir o cheiro da comida de suas narrativas colaborativas e fica muito fácil se enxergar em seus personagens criados a partir de objetos não estruturados. Na história aberta tudo pode acontecer, à medida em que as crianças mergulham naquela fala e ajudam a construir o novo roteiro durante as interações recheadas de referências do cotidiano das famílias.
O encantamento que a celebrada contadora de histórias nascida em Fernandópolis (SP) causa ao longo desses 20 anos de estrada é resultado da paixão pela arte e do estudo. Desde os 3 anos de idade Kiara gostava de inventar palavras novas e sempre que era questionada sobre "o que quer ser quando crescer", a resposta estava na ponta da língua: contadora de histórias. E assim aconteceu. Muitas de suas histórias têm um viés biográfico. “Elas são como grandes cartas de amor. Conto parte do que eu vivi, não como uma autobiografia literal, mas com pitadas do que vi”, diz. O mesmo acontece com os livros que escreve e que depois também se transformam em histórias. “Meu primeiro livro a A Menina dos Pais-Crianças, por exemplo, é é uma carta de amor para minha filha mais velha, a Luiza, 15”, diz.
As histórias “abertas” ou colaborativas, como as contadas por Kiara são, antes de tudo uma ótima maneira de escutar as crianças. “Quando os pais ou professores escutam os pequenos e os olham nos olhos cria-se um vínculo que permite chegar num lugar muito mais profundo e verdadeiro”, diz.
Como contar um boa história
Para Kiara o que a criança mais deseja é que você conte uma história que mostre sua origem. É um exercício de pertencimento para a criança, justamente por isso ela interrompe tanto. Mais do que a própria narrativa, ela quer saber quem você é. “Contar histórias é, então, criar raízes e fazer com que ela conheça ainda mais as pessoas com as quais convive e a ela mesma.”
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