Folha de São Paulo - Maurício Meireles - 25/09/2018 |
Os velhos papéis, quando não são consumidos pelo fogo, às vezes acordam de seu sono para contar notícias do passado.
É assim que se descobre algo novo de um nome antigo, sobre o qual já se julgava saber tudo, como Machado de Assis.
Por exemplo, você provavelmente não sabe que o autor carioca, morto em 1908, escreveu uma letra do hino nacional em 1867 —e não poderia saber mesmo, porque os versos seguiam inéditos. Até hoje.
Essa letra acaba de ser descoberta, em um jornal antigo de Florianópolis, pelo pesquisador independente Felipe Rissato —o mesmo que, nos últimos anos, fez diversas descobertas sobre Machado de Assis e Euclydes da Cunha, incluindo fotos e textos desconhecidos dos autores.
“Das florestas em que habito/ Solto um canto varonil:/ Em honra e glória de Pedro/ O gigante do Brasil”, diz o começo do hino, composto de sete estrofes em redondilhas maiores, ou seja, versos de sete sílabas poéticas. O trecho também é o refrão da música.
O Pedro mencionado é o imperador dom Pedro 2º. O bruxo do Cosme Velho compôs a letra para o aniversário de 42 anos do monarca, em 2 de dezembro daquele ano —o hino seria apresentado naquele dia no teatro da cidade de Desterro, antigo nome de Florianópolis.
“As pesquisas que tenho feito comprovam que há muitas coisas [de Machado] sabidamente perdidas, como peças dramáticas, e várias outras coisas cuja existência era desconhecida, como uma crônica anônima [que descobri]”, afirma Rissato.
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