Estadão - Guilherme Sobota - 25/07/2018 |
A 16.ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa nesta quarta-feira, 25, homenageando Hilda Hilst (1930-2004). Apesar de não ter na programação principal nenhuma estrela midiática, a Flip dá ares de que voltou a ser cool: editoras pequenas, cujas feiras independentes fazem sucesso Brasil afora, detêm mais espaços em Paraty e promovem, junto com outros institutos e entidades, uma extensa e diversa programação paralela.
Talvez o principal movimento diferente este ano seja a organização da Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), com debates, happy hours e saraus. Num autêntico estilo pirata, os organizadores alugaram um barco, que servirá de palco e ficará atracado entre a Praia do Pontal e o Centro Histórico, para evitar a especulação imobiliária que toma conta de Paraty na Flip há muitos anos (uma casa em boa localização pode custar R$30 mil por 5 dias).
São 14 editoras dividindo a programação do espaço, como Dublinense, Lote 42, Relicário, Veneta, Hedra e Expressão Popular. Entre os nomes, escritores com obras recentes, editores e jornalistas – mas também juízes e políticos em debates sobre o momento do Brasil atual (e dois presidenciáveis, Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos).
“Percebemos que a Flip está em crise, assim como o modelo convencional de mercado editorial, com o calote das livrarias grandes. A Bienal do Livro é um marasmo. O que está bombando são as feiras de editoras independentes”, explica um dos idealizadores da Flipei, o editor Cauê Ameni. “É a galera que faz na pura raça, e dá certo porque é especializado, os editores pegam só o filé mignon de cada área, deixam o produto muito legal. Aí vive de venda direta, eventos.”
O curioso é que neste momento a Flip – referência desde sempre para a organização de eventos literários de todo o Brasil – começa a perceber e aceitar as influências positivas desse outro tipo de evento do mercado editorial.
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