Estadão - Walnice Nogueira Galvão - 18/07/2018|
A celebração do centenário de Antonio Candido (24 de julho), grande intelectual falecido no ano passado, deflagrou muitos eventos. Entre congressos e simpósios, conferências, livros, números especiais de revistas, suplementos de jornais, destaca-se uma exposição no Itaú Cultural, à Av. Paulista, intitulada: Ocupação Antonio Candido – O Direito à Literatura. Alude a um de seus mais importantes ensaios, aquele que advoga em favor da extensão do direito à beleza, às artes e à literatura a todos os seres humanos. Não é justo, argumenta ele, que seja privilégio de poucos.
Encontra-se ali, e pela primeira vez, uma amostra de seu acervo pessoal de documentos, fotografias, cadernos de anotação, esquemas de aula, manuscritos de trabalhos com emendas, recortes, cartas, etc. Fala-se em 45 mil itens textuais, entre os quais 90 cadernos de anotações, ou 126 se incluirmos as cadernetas. E mais 5 mil fotos e 800 discos e fitas cassete. Tendo como cocuradora a neta Laura Escorel, o acervo foi transferido para o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP) sob o patrocínio do Itaú Cultural, para receber tratamento técnico que o habilite a ser aberto à consulta.
Os demais eventos se disseminam pelos quatro cantos da cidade: na Fapesp e no Sesc; na Escola Nacional Florestan Fernandes do MST (que batizou com seu nome a biblioteca); na Bienal do Livro; na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, alma mater do professor, cujo prédio de Letras recebeu igualmente seu nome. No conjunto, as falas de antigos alunos, admiradores e estudiosos examinarão as múltiplas vertentes em que se notabilizou: crítica literária, investigações sociológicas, militância política, entrevistas sobre a atualidade, livros que escreveu, ou ainda o mestre e orientador de teses; e assim por diante. Não só o grande intelectual mas o ser humano afável e de cortesia impecável será focalizado em suas preferências pessoais, seus laços afetivos e seus hobbies.
Ler Mais: Estadão