Valor Econômico - Beth Koike - 17/04/2018 |
A Kroton está negociando a aquisição da operação brasileira da Santillana, dona da editora de livros didáticos Moderna e de outros ativos ligados à educação básica no país, segundo o Valor apurou. A intenção é que a Santillana Brasil faça parte da recém-criada holding Saber, que já tem sob seu guarda-chuva o colégio Leonardo da Vinci, de Vitória, cuja compra foi anunciada na semana passada pela Kroton, e o sistema de ensino Pitágoras.
Com isso, a Kroton segue um modelo parecido ao da Somos Educação que possui colégios, escola de idioma, editoras e sistemas de ensino, com sinergias entre si. Uma das vantagens é a proximidade com escolas que não pertencem à companhia, mas compram seu material didático. No ano passado, a Kroton chegou a negociar a aquisição da Somos, mas o negócio não foi adiante devido ao alto valor pedido pela gestora de private equity Tarpon, controladora da empresa.
A operação brasileira da Santillana - braço de educação do grupo espanhol Prisa, que também é dono do jornal "El País" e de vários ativos de mídia - é a mais importante do grupo. A receita anual da Santillana no Brasil é de cerca de R$ 1 bilhão e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) gira em torno de R$ 300 milhões. A Santillana está presente em 27 países, como México, Argentina, Portugal, Chile, Reino Unido, além da Espanha.
Há muitos anos, a Moderna é uma líderes do mercado editorial. O setor privado de obras didáticas tem um faturamento de aproximadamente de R$ 1,4 bilhão e o governo compra cerca de R$ 1,2 bilhão em livros escolares, anualmente. Além da Moderna, a Santillana também é dona do sistema de ensino Uno, das editoras Salamandra (obras paradidáticas) e Richmond (livros de idiomas), além das plataformas tecnológicas educacionais Avalia e smartLab. Desde o ano passado, a Kroton vem investindo fortemente em transformação digital, seja em produtos como no "modus operandi" da própria companhia.
Não é a primeira vez que a Kroton se depara com a Santillana. Em 2016, o grupo espanhol bateu na porta da líder do ensino superior privado brasileiro na tentativa de vender todo o seu negócio de educação, inclusive os ativos desse segmento nos demais países. No entanto, na época, a Kroton estava negociando a fusão com a Estácio e não chegou a fazer nenhuma proposta.
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