Tenho dedicado os últimos anos a compreender de forma mais profunda o ato da leitura. Pode-se notar pelas minhas pesquisas, que se condensam escritos práticos sobre tal exercício. Sempre fui um leitor razoável, desde criança. Há alguns anos, assumi o título de leitor em atualização.
A citação de Jean Paul, que li em um texto de Sloterdijk, abriu mais uma fenda neste horizonte de diálogo sobre a leitura que tenho observado e apontado para outras pessoas. Quando passamos a entender que livros são mensagens destinadas a nós — futuros leitores, sobreviventes na caminhada da humanidade — ocorre uma sutil mudança, em alguns casos, radical: os livros tornam-se íntimos. Eles se transformam naquele amigo que chega ao nosso ouvido e nos diz: Tenho algo importante a falar. Frase capaz de destituir de sentido, imediatamente, tudo aquilo que nos cerca.
A escrita — a linguagem, as palavras poéticas ou religiosas — foi o caminho pelo qual, desde os antigos, iniciou-se a formação humana. Não à toa, atribui-se aos rapsodos e aos profetas grande importância no surgimento da filosofia (REALE, 2003). Desde os antigos mitos, a nossa alfabetização tornou-se um caminho para a descoberta de amigos ou para a declaração de desafetos, cito Sloterdijk:
Desde que existe como gênero literário, a filosofia recruta seus seguidores escrevendo de modo contagiante sobre amor e amizade. Ela é não apenas um discurso sobre o amor à sabedoria, mas também quer impelir os outros a esse amor.
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