Estadão - Maria Fernanda Rodrigues - 05/08/2017 |
Alexandre tinha cerca de 9 anos quando leu O Meu Pé de Laranja Lima e recorda com carinho e espanto a experiência. “Não me lembro de ter chorado com tanta intensidade com qualquer outro livro. E olha que sou uma manteiga derretida”, brinca hoje, quase 50 anos depois, o editor e livreiro Alexandre Martins Fontes.
Ele também se lembra de sua mãe impressionada com a situação, como se não fosse para tanto. “Mas aquela cena da morte do português é de matar”, diz ele, que leu muito quando criança – mas nada tão “arrebatador” quanto o livro de José Mauro de Vasconcelos (1920-1984).
Em 2018, o best-seller juvenil completa 50 anos de lançamento. No entanto, foi numa semana perdida de 1967, em Ubatuba, que o autor de As Confissões do Frei Abóbora (1966, Jabuti de melhor romance) pôs fim na história de Zezé, ou, como ele coloca no subtítulo, na “história de um meninozinho que um dia descobriu a dor”.
Para marcar a data, a Melhoramentos antecipa o lançamento de uma edição comemorativa pelos 50 anos do livro – que está em seu catálogo desde o início. De lá para cá, foram mais de 150 edições no Brasil e 2 milhões de exemplares vendidos – o recorde foi em 1969, com 320 mil cópias comercializadas, e, embora os números tenham perdido a força com o passar dos anos, eles ainda impressionam. Em 2016, por exemplo, a editora diz que vendeu nada menos de 35 mil exemplares. Sucesso também na TV, no cinema e no exterior, com tradução em 15 idiomas e presença em 23 países.
“O Meu Pé de Laranja Lima é uma obra que viaja com facilidade – é, até hoje, o livro brasileiro mais traduzido para outras línguas. Acredito que pessoas de diferentes países e realidades se identificam com Zezé porque ele representa tão bem aquela mistura de inocência e travessura das crianças de 5 ou 6 anos. É um personagem apaixonante e a história é inesquecível”, comenta a australiana Alison Entrekin, responsável pela tradução que a britânica Pushkin Children’s Books lança no início do ano.
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