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Em “As culpas do poema” as indagações que acompanham a condição do poeta na contemporaneidade se tensionam ao extremo, tanto no plano formal quanto no temático. Desde os sonetos de abertura, a voz lírica se questiona sobre o seu “estar-no-mundo”, em tom autoirônico, reaproveitando os incidentes triviais da perda de uma carteira de identidade e da consequente requisição de sua segunda via.
Após esta polissemia fundadora – a “identidade” e a “segunda via” –, seguem-se outras, como a do “roubo”, visto agora em sua potência criativa, de “roubo de palavras”, isto é, de reelaboração do legado literário, ou ainda como aquele perpetrado contra si mesmo: o “roubo” poético das próprias reminiscências de infância do autor. Mas não é só. Se a condição do poeta é desde o início o mote para que uma nova voz lírica se afirme, esta faz questão de se aparelhar de múltiplos recursos, deslizando das formas fixas para o verso livre, do poema longo para a composição mais concisa.
Culpas há muitas. E a maior delas deriva do fato de que escrever poemas hoje em dia é atividade de exilados. Lembramo-nos bem disso ao ler o título do livro e a epígrafe de Antonio Candido que o encabeça, apontando para o fato de que, entre outras coisas, a arte tem sido, desde há tempos, hesitação entre a gratuidade do estético (de um jogo ilimitado das formas que começa e termina em si mesmo) e a seriedade do que se quer alcançar para além dela, mas que só se pode atingir por meio dela.
Renato Suttana
Serviço:
As Culpas do Poema
Wladimir Saldanha
Scortecci Editora
Poesia
ISBN 978-85-366-2614-7
Formato 14 x 21 cm
68 páginas
1ª edição - 2012
Preço: R$ 20,00