Magistralmente os dois autores preservam um curioso paralelismo entre as duas narrativas, construídas em continentes diferentes, mas operando idas e vindas entre a Europa e o Continente Americano, tal como o eco de suas próprias trajetórias.
Assim, a metáfora da viagem é o fio que guia o leitor no périplo trágico da existência das “Maíras” pelo talento de Carlos e Cristina, num tempo imemorial, fora do tempo cronológico, em que se pode interpretar a luta das personagens como a luta de todos nós, aspirando à luz mas irremediavelmente sugados pelas trevas. Uma leitura a consumir sem moderação!!!
Cristina Davoigneau - Université de Toulouse – Jean Jaurès
Uma mulher, uma existência real, duas inventadas histórias de vida. Assim como se a criatura estivesse espiada por dois espelhos planos e defluentes do vértice de um ângulo agudo. Um duplo, porém, que nada tem a ver com aquele em que emparelhadas duas e simultâneas verdades de cada um, tão ao gosto de Machado de Assis. Isto é, a repercutir as contradições que impregnam o mundo interior de cada vivente, contrapondo vícios e virtudes. Nada também a ver, por outra, com um espelho mágico que, não se contentando com refletir as imagens, opinasse sobre as inquietações do objeto refletido. O que se tem aqui é o absurdo de vidas paralelas e contemporaneamente vividas três vezes: a de carne e osso e duas outras segundo versões que se desnovelam em destinos que curiosamente se tocam sem que se misturem. Estas últimas segundo o capricho imaginativo de cada narrador. Aqui vista do Brasil, ali enxergada da França. Uma brincadeira, enfim, em que dois escrevinhadores se metem a artesãos de variantes de uma mesma sina, a partir de um cenário verossímil.
Carlos Méro (1949) é de Penedo (AL), Brasil. Advogado, vive hoje em Maceió. Publicou, pela Scortecci: Vida, paixão e morte do irmão das almas e Herdeiro das trevas (ambos de 1999), além de Dias assombrados em Roma (2015) e O chocalho da cascavel (2016). Publicou, ainda, Travessias (coautor), Maceió: Viva, 2013, e Graciliano Ramos: Un monde de peines, Lille (Fr): TheBookEdition, 2015. É presidente da Academia Alagoana de Letras.
Cristina Duarte-Simões é de Piraju (SP), Brasil. Publicou: Como uma cobra enrolada (Contos), Maceió: Grafmarques, 2010; Travessias (coautora), Maceió: Viva Editora, 2013; Impossible silence, poèmes, Lille (Fr): TheBookEditions, 2014; Les défauts de Darli, revue Tupi or not Tupi, Toulouse: 2013; Invitation chez Hadès, Paris: Editions Persée, 2016. Vive hoje em Montpellier, onde é Maître de Conférences na Université Paul-Valéry.
Serviço:
Inventando Maíra
Carlos Méro
Cristina Duarte-Simões
Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-85-366-4844-6
Formato 14 x 21 cm
188 páginas
1ª edição - 2016
R$ 20,00