ESPELHOS, CRISTAIS E DIAMANTES Hugo M. R.

O livro “Espelhos, Cristais e Diamantes” foi editado em fevereiro/2017, sendo o segundo ensaio do autor (o primeiro foi “È Vero”, da economia brasileira desde o início da República até 2010). O objetivo principal deste ensaio é mostrar os Estados Unidos, desde seus primórdios, origem que se remonta ao berço do império Inglês, até hoje com o presidente “detonador”, nos quase dois séculos e meio de existência.

Supostamente teríamos uma visão vertical para os Estados Unidos e uma visão horizontal para cada um dos países de América Latina; até, poderíamos dizer que é um espaço conjunto onde os espelhos refletem continuamente os acontecimentos simultâneos. Atualmente, os Estados Unidos se mostram como um país propriamente ganancioso, altamente provocador e dominador de tudo aquilo que o circunda, especialmente do continente americano. Diríamos que esta visão está gravada desde as origens do “Destino Manifesto” e a crença de que a Divina Providencia havia escolhido os EEUU como líderes do novo mundo. Destaca-se o Século XX quando a Primeira Guerra terminava com um verdadeiro vencedor: os Estados Unidos.

Sua indústria de guerra abasteceu de recursos ao próprio país, incrementou todas as linhas de produção, a produtividade e a modernização industrial. Passado o Crash de 29 os norte-americanos quebravam os limites éticos para se apropriarem dos recursos necessários para alimentar seu “Leviatã”, especialmente as corporações que dominaram primeiramente América Central (instalou varias “floradas” de ditadores) e depois se trasladaram ao Sul do continente. O enriquecimento dos americanos até a década de 60 seria o maior da historia dos últimos séculos. Mas a partir de 1964, se instalaria na América Latina a maior repressão que esta teve: a “Operação Condor” (as ditaduras militares marcaram com ferro e sangue de seus povos, corromperam; abriram as portas as multinacionais; acabaram com os sistemas de educação de saúde e de previdência; inflacionaram a economia, aumentaram o desemprego, endividaram aos países; torturaram...) Para fechar com “chave de ouro” a destruição econômica e social, na década de 90 as Institucionais Internacionais (FMI, Banco Mundial e Departamento do Tesouro) e o “Consenso de Washington” aplicaram o “Neoliberalismo”. Por primeira vez na historia da independência da América Latina, no inicio do Século XXI, seus países cresceram e distribuíram renda em mais de uma década, revertendo sua tendência em relação ao final do século passado, e superando a seus antigos dominadores: a Europa (União Europeia) e aos Estados Unidos.

Apesar de mudança desta tendência, na segunda metade da década de 2010, as raízes voltarão a crescer e dar flor em menos de uma década. Um conselho. A leitura é livre e democrática, porém, pode ser mais “atrativa” seguindo este roteiro: 1º. Deter-se com prazer na embalagem bonita: Capa (decifrá-la), Contra Capa e Orelhas; 2º. O Prefacio, e 3º. Nos dois últimos capítulos X e XI. Depois, entrar na “dança dos espelhos” com tranquilidade, observando com prazer os índices (há um índice que nos leva a conhecer sinteticamente a história de cada um dos países latino-americanos)

A morte do presidente J. F. Kennedy em 1963 foi marcada, em parte, por algumas de suas frases e ideias, inseridas no contexto da “Aliança para o Progresso”, que parecem inauditas: “Se uma sociedade livre não pode ajudar a grande maioria que é pobre, não pode salvar a pequena minoria que é rica”. ”Às nossas repúblicas irmãs ao sul de nossas fronteiras, oferecemos... uma nova aliança para o progresso, para ajudar homens e governos livres a se desfazer dos grilhões da pobreza”. Ainda, para participar da Aliança, os países latino-americanos deveriam fazer: “reformas impositivas para redistribuir as cargas fazendo participar em grande parte aos mais ricos; reformas agrárias para redistribuição da propriedade da terra e de novas tecnologias na exploração rural; e reformas sociais.” Em 1964, concederam-se garantias para que as ditaduras começassem a florescer.

O secretário adjunto Thomas Mann anunciara retificação da política externa: “Não se trata mais de impor, em todos os casos, a democracia representativa, senão de contar com aliados seguros”. Dean Rusk, secretário de Estado, disse em 1965: “Temos de nos ocupar de todo ele (o planeta Terra); de todas as suas terras, águas, atmosfera e com o espaço circundante”. Mais tarde, implantou-se o neoliberalismo, que surgiu bem antes do “Consenso de Washington” e da dupla “FMI e Banco Mundial”. Em 1983, quando a América Latina estava em recessão (igual aos Estados Unidos) e a maioria das ditaduras caindo, o presidente do Banco de Pagamentos Internacionais (BPI), Fritz Leutwiler, teve uma ideia brilhante!! Com a impossibilidade de um crescimento contínuo, propusera aos bancos internacionais que continuassem “ajudando” os países a financiarem suas dívidas para que, a posteriori, tais países vendessem alguns dos respectivos ativos nacionais aos seus credores.  Declarou: “Esta é uma opção digna de consideração, no caso daqueles países com ampla dotação de recursos naturais e/ou empresas estatais rentáveis”. O senador Bernie Sanders disse na campanha à presidência de 2016: “Os Estados Unidos não podem continuar intervindo na América Latina e derrubando governos ou tentando desestabilizá-los por razões econômicas”; “Não é um segredo que Allende foi derrubado pela CIA e que após isso surgiu um governo neofascista que foi responsável pelo assassinato de milhares de pessoas. Isso é inaceitável”.

Homenagem a um artista rio-platense, Enrique S. Discépolo, por seu tango Cambalache, uma síntese real do sentimento popular precisamente da corrupção abrangente que nos acompanha ainda hoje, no dia  a  dia. Aqui um trecho de suas verdades:
“Que el mundo fue y será una porquería. Ya lo sé. En el quinientos seis Y en el dos mil también…”
“Que siempre ha habido chorros, Maquiavelos y estafaos. Contentos y amargaos…”
“... Pero que el siglo veinte es un despliegue. De maldad insolente…”
“… Hoy resulta que es lo mismo. Ser derecho que traidor. Ignorante, sabio, chorro. Generoso, estafador. Lo mismo un burro que un gran profesor”
“…Siglo veinte, cambalache. Problematico y febril. El que no llora, no mama, Y el que no afana es un gil. Dale nomás, dale que vá. Que allá en el horno nos vamo a encontrar…”
Considera-se este tango ideal também para o século XXI na América Latina, especialmente para a elite neoliberal, aquela que usufruiu as riquezas das últimas décadas, inclusive das privatizações, enchendo seus cofres nos paraísos fiscais. Homenagem ao povo americano: Era setembro de 2010, eu estava  vindo de Arlington, cruzando o rio e caminhando pela ponte, quando vi, perto de mim, uma multidão percorrendo meu caminho. Depois já descendo a ponte, perto do Monumento a Lincoln para entrar no The Mall, apreciei que a multidão se multiplicava de forma incrível. Retrocedi no tempo, na década de 60, quando Martin Luther King iniciara seu discurso com: “Eu tive um sonho...”. Próximo ao Monumento a Washington um senhor se aproximou e me estendeu uma folha, verde e preta. Esta se dividia em duas partes por uma diagonal. Na parte direita com letras pretas e fundo verde: “It's time to move the Money!  For jobs, healthcare, education, mortgage relief, housing, infrastructure, environment protection, veterans benefits, childcare, city & state budget relief... to restore vital social programs, and meet urgent human needs… BRING ALL THE TROOPS AND WAR $$$ HOME NOW!”. Na parte esquerda com letras verdes e fundo preto: DID YOU KNOW.  Military spending now consumes 58c of every discretionary tax dólar. The government will spend over $ 1 trillion to support the direct and indirect costs of our national security in FY 2010.  The White House's annual budget request for the Defense Department ($ 534 billion for FY 2010) is only a portion of what the United States spends on its Military. Each year other federal agencies, such as the Department of Energy, contribute additional billions to the official annual defense budget. This annual defense budget does not include the cost of actual military operations in Iraq and Afghanistan. The U.S ranks # 1 in the world for military expenditures. The U.S spends 45% of world military expenditures. U.S military expenditures are greater than the total expenditures of the 14 next largest countries, combined. Since the invasion of Afghanistan in 2001, the Iraq and Afghan wars together have cost $1.05 trillion. From FY 2001 – FY 2008, federal budget authority increases twice as fast as federal granst to state and local governments. During de same period, federal military expenditures increased THREE time as fast as the overall federal budget. Sources: Nacional Priorities Project.

Devo me apresentar como um cidadão uruguaio, formado em “Contabilidade” e “Administração de Empresas”, quase graduado em Economia, impedido de chegar ao título por causa do golpe de estado no Uruguai em 1973. Depois de lutar contra a ditadura, dentro do sindicato bancário, cheguei ao Brasil no segundo semestre de 1975 com grande bagagem de conhecimentos. Tive vários cargos e atividades, incluindo atividades em bancos internacionais e consultorias. Ademais realizei diversos cursos entre eles a Pós-graduação de “Comercialização Nacional e Internacional”. Varias vezes viajei pelo Brasil como analista e administrador de investimentos; e, entre meus contatos profissionais, fui escolhido Conselheiro da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec), hoje Apimec. Também, trabalhei no exterior em curto período, palestrei cursos técnico-financeiros para multinacionais do setor automobilístico e participei em Seminários internacionais, inclusive nos EUA, quando conheci as principais bolsas americanas de Chicago (Chicago Exchange) e de Nova York (Wall Street) adquirindo forte bagagem no Mercado de Capitais.

Serviço:

Espelhos, Cristais e Diamantes
Hugo M. R. Ronco
Scortecci Editora
História
ISBN 978-85-366-5020-3
Formato 16 x 23 cm
484 páginas
1ª edição - 2017
Preço: R$ 70,00