Em 115 anos, apenas 13 mulheres receberam o Nobel de Literatura

EBC Agência Brasil - Ana Elisa Santana - 08/03/2017

O Dia Internacional da Mulher chama a atenção para as desigualdades de gênero, violência e conquista de direitos. Costuma-se apontar a falta de equidade em áreas como a ciência ou em posições de poder, mas na literatura há também um número menor de mulheres que conseguem reconhecimento sobre suas obras.

Em 115 anos, apenas 13 mulheres receberam o prêmio Nobel de Literatura. No Prêmio Camões, que é concedido por Brasil e Portugal a escritores lusófonos, apenas seis mulheres foram homenageadas em 28 anos. O Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, foi dado a apenas 12 mulheres desde 1959, na categoria romance.

Apesar do pouco reconhecimento, muitas autoras escrevem sobre feminismo: seja do ponto de vista político, filosófico ou social, seja por meio de poemas ou colocando mulheres como protagonistas em histórias que provocam reflexão. Dessa forma, ajudam a compreender o movimento que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

Conheça 10 escritoras que, em suas obras, ajudam a compreender esse conceito:

Ana Cristina César

Também conhecida como Ana C, Ana Cristina César foi uma poetisa brasileira que fez parte do movimento de Poesia Marginal e deixou uma obra em que retrata seu cotidiano e intimidade, por vezes criticando padrões de comportamento impostos à mulher. Em seus livros, em que a poesia se mistura com outros estilos, como a carta e o diário, ela fala abertamente sobre seu corpo e sua sexualidade.

Ana Maria Gonçalves

Antes publicitária, a mineira Ana Maria Gonçalves abandonou a profissão para se dedicar à literatura e lançou, em 2006, o livro Um Defeito de Cor. Na obra, ela mostra a trajetória de uma menina negra capturada como escrava ainda na infância, e sua luta até se tornar uma mulher livre. Além de retratar, na obra, a força da mulher, ela faz um relato detalhado sobre a vida dos negros no Brasil Colonial.

Angela Davis

A filósofa e professora norte-americana Angela Davis dá aulas no Departamento de Estudos Feministas na Universidade da Califórnia e é ex-integrante do grupo Panteras Negras. Ativista pelos direitos da mulher e pela igualdade racial, Angela é autora de diversos livros, e sua obra mais conhecida, Mulheres, Raça e Classe,de 1981, foi traduzida e lançada no Brasil apenas em 2016.

Carolina Maria de Jesus

A mineira Carolina de Jesus era catadora de recicláveis e registrava seu cotidiano, na antiga favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, em cadernos que encontrava pelo lixo. Seus escritos, datados de 1955 a 1960, se tornaram o livro Quarto de Despejo, que denuncia a miséria, a fome e a violência sofrida por ela e seus vizinhos. A autora é considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil, e ainda hoje é considerada referência para estudos sobre a sociedade brasileira.

Chimamanda Gnozi Adichie

A escritora nigeriana Chimamanda Gnozi Adichie, de 39 anos, desponta como um dos principais nomes femininos da literatura africana. Suas obras retratam o cotidiano de mulheres negras, abordando questões como o racismo e a violência contra a mulher. É autora dos livros Sejamos Todos Feministas e Para Educar Crianças Feministas – Um Manifesto, que são uma introdução para quem busca compreender o assunto.

Clarice Lispector

Um dos maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector é um dos exemplos em que o feminismo se mostra por meio de mulheres protagonistas. Nos romances escritos por ela, as personagens mergulham em reflexões sobre a condição humana, muitas vezes questionando o que elas são e o que a sociedade impõe que elas sejam.