No “México profundo” se registravam marcas indeléveis de uma cultura marcada pelo misticismo e pelas crenças populares. A maldição de La Malinche era, e é até hoje, umas das lendas que perpetuam essa cultura e que perdura com componentes míticos na história, arte, cultura, literatura e linguagem mexicanas. O livro enfoca o papel dos mitos nas histórias dos países e como eles podem ser manipulados por diferentes interesses e servindo a vários propósitos, nem sempre defensáveis. Porque La Malinche se tornou amante de Hernán Cortez (o conquistador do México, no século XVI), sua confidente e intérprete, acabou vilificada como traidora da pátria, sendo seu nome ainda hoje, considerado por muitos como sinônimo de colaboracionista e entreguista.
O legado real dela, contudo, permanece como o da única mulher que participou da aventura da conquista do México pelos espanhóis e assumiu seu papel de protagonista nos eventos daquela época; mulher valorosa e destemida que não se intimidou diante das agruras daqueles tempos. O livro explora a possibilidade de que ela tenha feito muito mais na sua vida do que a literatura até hoje registrou. A ficção do livro a considera, talvez, como uma defensora dos direitos humanos por ter evitado grande número de sacrifícios e atrocidades contra indígenas na época da conquista.
Também pode ser considerada como uma precursora de movimentos feministas por ter sabido usar seus predicados, sua inteligência e capacidade de articulação para circular livremente, com desenvoltura, entre diferentes culturas e idiomas da época como a espanhola, maia, chichimeca e asteca e tirar proveitos disso para a coletividade indígena. Ela teve, ainda, um papel importante na imagem e na definição da identidade da nação mexicana; por ter tido um filho com o conquistador, o primeiro mestiço de uma índia com espanhol, ela é considerada, por alguns, como a mãe da nação mexicana.
Haino Burmester é descendente de europeus emigrados para o Paraná no final do século XIX. É médico e administrador de empresas, com diversos livros técnicos publicados, sendo este seu segundo romance (o primeiro foi O Gajão Cigano, publicado em 2013 pela Chiado Editora, de Portugal). Viveu no México entre os anos de 1969 e 1971, tendo desenvolvido, durante esse período, uma grande paixão e admiração pela vida e cultura daquele país. Fruto desta vivência é o conteúdo de A Maldição de La Malinche. Da convivência com descendentes dos antigos indígenas mexicanos, veio a percepção da força que as lendas e mitos têm como motores da existência e a compreensão de como ficção e realidade se interpenetram e complementam na história e cultura dos povos. A trajetória do autor o levou a morar, em diferentes fases de sua vida, além do México, nos Estados Unidos, Trinidad e Tobago e Inglaterra (onde fez seu mestrado em Medicina Comunitária, na Universidade de Londres); atualmente vive em São Paulo, com sua mulher Regina.
Serviço:
A Maldição de La Malinche
Haino Burmester
Scortecci Editora
Ficção
ISBN 978-85-366-4636-7
Formato 14 x 21 cm
188 páginas
1ª edição - 2016
R$ 40,00