Numa crise em efeito cascata no mercado de livros, editoras encolhem

Época - 18/06/2018|

Vender livros no Brasil nunca foi uma atividade fácil, mas a situação se agravou nos últimos dois anos. A conjuntura ruim derrubou o volume de vendas em cerca de 3% por ano desde 2015 e tem feito as grandes livrarias Saraiva, Livraria Cultura e Fnac atrasarem os pagamentos às editoras. Além da crise econômica, a chegada da Amazon ao Brasil, em 2014, atraiu para o e-commerce o cliente que antes comprava no varejo tradicional.

Como num efeito cascata, os donos de editoras estão sendo obrigados a demitir, reduzir a quantidade de lançamentos e, em alguns casos, lutar contra a possibilidade de fechar as portas.

Para se ter uma ideia do impacto, as grandes livrarias representam até 50% do total do faturamento de pequenas e médias editoras, por isso a situação é considerada grave pelos donos desses negócios. No ano passado, a Livraria Cultura comprou a operação da Fnac no Brasil.

"Chegamos ao caos. Não temos entrada de recurso. A situação é grave", disse o dono de uma editora de médio porte que preferiu não se identificar.

Apesar dos calotes, pela grande representatividade nos resultados, muitas editoras continuam fornecendo seus produtos a essas livrarias de maior porte e temem tomar medidas como, por exemplo, recorrer à Justiça para receber o valor devido. É também por isso que, com receio de retaliação, o mais comum é encontrar os donos de editora reclamando da situação, mas pedindo anonimato.

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