Como a leitura se tornou um hábito individual

NexoJornal - Juliana Domingos de Lima - 23/11/2017 |

Quem lê em silêncio em casa, no ônibus ou no metrô, seja no papel ou no smartphone, talvez não imagine que o caráter em geral introspectivo, solitário e “mudo” que a leitura assume hoje causaria grande espanto em cidadãos letrados de séculos passados.

Em uma passagem da obra “Confissões” – escrita por volta do ano 398 no século 4 – o filósofo e teólogo Santo Agostinho relata com surpresa uma visita ao amigo Santo Ambrósio, na qual o encontrou lendo sem produzir nenhum som.

"Quando ele lia, seus olhos perscrutavam a página e seu coração buscava o sentido, mas sua voz ficava em silêncio e sua língua era quieta", escreveu.

Mesmo depois quando, a partir do século 18, a leitura silenciosa se disseminou, ler em voz alta era uma forma de sociabilidade comum, segundo um ensaio escrito pela professora Márcia Abreu, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Lia-se em voz alta nos salões, nas sociedades literárias, em casa, nos saraus e nos cafés.

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