Sem programa federal, editoras correm risco de fechar

Folha de S. Paulo - Mercado Aberto - Maria Cristina Frias - 04/10/2017 |

A decisão do governo de não fazer editais para livros de literatura até 2018 deverá levar ao fechamento de editoras e acelerar a concentração do mercado, dizem empresários.

Há entre 50 e 100 editoras com forte atuação nas vendas públicas e com pouca atuação no varejo, afirma o diretor da editora Planeta, Gerson Ramos, que antevê futuras aquisições.

"A consolidação já existe, e vai se intensificar. Muitas editoras preservaram suas operações à espera de uma retomada. Sem essa perspectiva, não há como se sustentarem."

A migração para o varejo é difícil, pois muitas delas são pequenas e não têm fôlego para seguir o modelo de vendas por consignação das livrarias, diz Sônia Jardim, presidente do grupo Record.

"Para elas, os livros infantis eram a sobrevivência: os volumes eram altos, e os editais favoreciam editoras menores, com um limite de títulos que podiam ser inscritos."

Com a redução de compras públicas nos últimos dois anos, a própria Record cortou o número de seus títulos infantis pela metade.

Em relação a aquisições, o grupo não tem negociação em curso, mas "prospecta oportunidades", diz ela.

O maior atrativo dessas editoras para as empresas maiores é o catálogo de livros infantis, avalia Ramos.

O grande movimento, porém, não será de aquisições, mas sim de fechamento de editoras, diz Marcos Pereira, presidente da Snel (sindicato do setor) e da Sextante.

"Hoje, o mercado de livros infantis são as compras do governo para escolas públicas. Sem isso, não há demanda, o varejo demora a reagir."

A fatia do governo nas vendas de obras gerais é de 6%, mas pode chegar a mais de 50% em algumas editoras.

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