Ziraldo diz na Bienal que livros infantis ainda são vistos como 'literatura menor'

G1 - Carlos Brito - 01/09/2017 |

Ziraldo sabe das perdas que chegam com o avançar da idade. Na palestra que deu sobre literatura infantil brasileira no segundo dia da Bienal do Livro do Rio, fez questão de falar sobre cada uma delas.

Mas a capacidade de guardar lembranças do escritor parecia bem presente na manhã desta sexta-feira (1) nublada e chuvosa na cidade. Tanto que, ao se deparar com o auditório lotado – mais de 200 lugares ocupados por crianças e professores ansiosos para vê-lo – um olhar para edições passadas da Bienal se impõe de forma inevitável.

"Estive em todas as bienais, desde a primeira. E, por sorte, sempre fui recebido por um auditório lotado de crianças, como este aqui. É comum, em eventos como este, eu passar até seis horas dando autógrafos. Vou te falar uma coisa: só o público infantil é capaz desse tipo de entrega. Por isso escrevo para meninos e meninas. Uma vez, o Ignácio de Loyola Brandão me disse que iria passar a fazer livros para crianças, só para receber esse tipo de carinho", confidenciou.

Sobre esse assunto, Ziraldo tem opinião formada: escritores de literatura não deveriam fazer livros infantis. Segundo ele, há um erro de concepção quando se trata de livros para feitos para crianças.

O pai do Menino Maluquinho – mais de três milhões de exemplares vendidos, em 116 edições desde 1980 – não se rendeu às vantagens da tecnologia: Ziraldo não utiliza computador. Ainda formata seus livros em máquina de escrever manual – "Nem a elétrica eu comprei" – e, nos últimos tempos, tem escrito à mão. Segundo ele, efeito da bursite que acomete ambos os ombros.

As palavras, aliás sempre precedem o desenho. Ele utiliza o primeiro versículo do Evangelho de João para justificar o método de trabalho.

Ler Mais: G1